Enquanto parentes e amigos da universitária assassinada procuravam consolo no enterro da jovem de 20 anos, a polícia está atrás de alguma pista mais consistente. Na bolsa dela, agentes encontraram um microsselo e uma balança de precisão
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Ontem, familiares e amigos se reuniram no Cemitério Campo da Esperança, no Plano Piloto, para o último adeus à Jéssica. Mais do que revolta, os sentimentos principais eram de tristeza e impotência diante da violência. A jovem era conhecida por sua alegria e facilidade em fazer amizades. Por esse motivo, mais de 200 pessoas passaram pelo local. A mãe de Jéssica chorou muito, chamando a filha de “bonequinha”, enquanto colegas de faculdade ainda estavam perplexos. “Ela era uma pessoa de personalidade muito forte. Crescemos juntos, vi cada evolução da Jéssica. A alegria de entrar na faculdade. Jéssica buscava sempre de reunir as pessoas. Gostava de ver todos felizes. É uma grande perda”, declarou Heitor de Moura, 20 anos, amigo desde os 10.
A esperança é que se descubra o assassino. Sobre isso, a linha de investigação de homicídio surgiu após a polícia constatar que a mochila da jovem — com carteira, casaco e chips de celulares — permaneceu no local. Em coletiva, o delegado Flávio Messina afirmou que não havia drogas na bolsa. Mais tarde, ao prender três suspeitos do crime, ele confirmou a presença de “pouca quantidade de LSD e maconha”, mas afirmou que ainda precisava analisar a presença do “material”. Segundo apuração do Correio, a ocorrência aponta que havia uma balança de precisão e um “micro-selo (sic)”, porém sem a informação se eram de Jéssica ou se tinham sido plantados.
“Em um caso de latrocínio, os suspeitos não teriam deixado nada para trás. Por essa razão, não descartamos o homicídio. Foi uma facada única e, provavelmente, em um contato próximo”, esclareceu o delegado. Jéssica saiu de casa, na QNL 19 de Taguatinga Norte, pouco depois das 16h, em direção à Universidade Católica de Brasília (UCB). No entanto, chamou a atenção do investigador o fato de ela ter desviado o caminho e parado em um Ponto de Encontro Comunitário (PEC) na QNL 21/23, onde o crime ocorreu. “A família está muito abalada, mas queremos indagá-los com tranquilidade para saber se esse era um caminho costumeiro ou se ela esperava alguém no PEC e o motivo pelo qual ela saiu em um horário tão antecipado de casa, já que a aula começava às 19h”, explicou.
Messina destacou a falta de testemunhas e de imagens de qualidade. Também disse que a jovem não mantinha nenhum relacionamento amoroso e não há registros de ameaças contra ela. “Não é um latrocínio nem um homicídio simples. Não podemos nem dizer que o celular tenha sido levado pelo autor. É uma situação muito peculiar”, acrescentou.