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segunda-feira, 23/12/24
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Jornalista acusa Boris Johnson de assédio; premiê britânico nega

Johnson teria acariciado com insistência a coxa de uma jornalista em 1999; ela escreveu um artigo no domingo em que relata o ocorrido

Boris Johnson: premiê britânico foi acusado de assediar uma jornalista há 20 anos atrás (Dylan Martinez/Reuters)

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, é conhecido por sua agitada vida amorosa, mas a acusação de toques indevidos há 20 anos por uma jovem jornalista, que ele nega, ameaçava nesta segunda-feira (30) ofuscar o congresso de seu partido, dedicado ao Brexit.

Charlotte Edwardes contou em um artigo no “Sunday Times”, publicado no domingo, que o incidente ocorreu durante um almoço no escritório da revista conservadora “The Spectator”, em Londres, logo após Boris Johnson se tornar editor em 1999.

“Por baixo da mesa, sinto a mão de Johnson na minha coxa. Ele a está apertando. Sua mão está no topo da minha perna e ele tem carne suficiente sob os dedos para que eu me levante de repente”, relata no artigo escrito por ocasião dos dois anos do movimento #MeToo, que libertou a palavra de mulheres vítimas de assédio, ou de agressão sexual.

Na época uma jovem jornalista, Charlotte explica que falou com uma jovem que também estava sentada ao lado de Boris Johnson durante o almoço e que lhe disse: “Oh meu Deus, ele fez o mesmo comigo!”.

Em um sinal de que a acusação é mais séria do que as fofocas habituais sobre os casos extraconjugais do primeiro-ministro, seu gabinete divulgou uma breve declaração, na qual afirmou que “a acusação é falsa”.

 O premiê britânico negou ter assediado a jornalista e disse que o público está mais interessado em saber sobre seus planos para os serviços públicos.

Na sequência, perguntado se Edwards havia inventado o caso, respondeu: “Só estou dizendo o que disse e acredito que o público quer ouvir sobre o que estamos fazendo por eles e pelo país e por investimento no que diz respeito a unir o país”, afirmou.

Digna de confiança

“Se o primeiro-ministro não se lembra do incidente, então tenho claramente uma memória melhor do que ele”, respondeu Charlotte Edwardes no Twitter.

Ela recebeu apoio do ministro da Saúde Matt Hancock, que disputou contra Boris Johnson a liderança do partido conservador em julho. “Eu a conheço bem e sei que ela é digna de confiança”, declarou Hancock ao Channel 4.

“Concordo totalmente com o @MattHancock”, acrescentou no Twitter Amber Rudd, que renunciou no mês passado como ministra do Trabalho.

Outros políticos, porém, expressaram apoio a Johnson.

“É uma pessoa decente. Acredito que se importa muito com as mulheres e meninas”, disse Penny Mordaunt, ex-ministra da Defesa, enquanto a deputada Rachel Maclean destacou sua campanha contra a mutilação genital feminina.

Boris Johnson também corre o risco de ser investigado por causa de seu relacionamento com uma empresária americana, Jennifer Arcuri, que recebeu financiamento público quando ele era prefeito de Londres.

O “Sunday Times” afirma que eles tiveram um caso e não declararam nenhum potencial conflito de interesses. “Tudo foi feito como deveria”, replicou Johnson.

Separado desde o ano passado de sua esposa Marina Wheeler, Johnson está namorando Carrie Symonds, uma especialista em comunicação 24 anos mais nova, que o acompanha à convenção anual do Partido Conservador, que acontece até quarta-feira.

Existe preocupação com o impacto que essas acusações podem ter sobre a popularidade do polêmico primeiro-ministro entre as eleitoras, dada a perspectiva de eleições antecipadas nos próximos meses.

“Ainda existem alguns membros do Partido Conservador que não tratam as mulheres como deveriam”, disse à AFP uma delegada que pediu anonimato.

Para muitos em Manchester, porém, o principal problema ainda é o Brexit. E eles acreditam que Johnson é a pessoa que pode fazê-lo acontecer, mesmo ao custo de uma saída brutal da UE, se não conseguir um acordo com Bruxelas.

Questionado pela BBC sobre o impacto desse cenário, calculado em até 30 bilhões de libras por ano para os cofres públicos, o ministro das Finanças, Sajid Javid, disse que ninguém sabe realmente quanto isso poderia custar.

 

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