Para o MP, os agressores pertencem a uma organização denominada Carecas do Brasil, que divulga ideologia preconceituosa contra grupos raciais e sociais
Depois de dois dias de julgamento, a juíza Cristiane Busatto Zardo, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, condenou à reclusão os três homens acusados de atacar três jovens judeus, em Porto Alegre. Laureano Vieira Toscani e Thiago Araújo da Silva foram condenados a 13 anos de prisão em regime inicialmente fechado, Fábio Roberto Sturm a 12 anos e oito meses de reclusão.Thiago e Fábio, de acordo com a magistrada, poderão recorrer em liberdade.
O crime ocorreu em 2005, no Bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, e causou comoção na capital. O julgamento não foi diferente e reuniu parentes, amigos e curiosos. Os três réus foram julgados por tentativa de homicídio triplamente qualificado, tendo entre as alegações motivo torpe – crime cometido única e exclusivamente por discriminação às vítimas, já que foram identificadas como seguidoras do judaísmo.
Para o Ministério Público (MP), os agressores pertencem a uma organização criminosa denominada Carecas do Brasil, uma facção de skinheads, que divulga ideologia preconceituosa contra grupos raciais e sociais, incluindo judeus, negros, homossexuais e punks.
Ataques
Pela denúncia do MP, na madrugada de 8 de maio de 2005, Rodrigo Fontella Matheus, Edson Nieves Santanna Júnior e Alan Floyd Gipsztejn caminhavam pela esquina das ruas Lima e Silva e República, Bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, quando foram atacados por um grupo de skinheads, de ideologia neonazista.
As vítimas usavam quipás (chapéu, em forma de circunferência, usado pelos judeus). Os agressores, que estavam em um bar, viram os jovens judeus e partiram para o ataque.
Rodrigo Fontella Matheus foi golpeado com arma branca, socos e pontapés, mas em meio às agressões foi socorrido por pessoas que passavam no local.
Edson Nieves Santanna Júnior também foi atacado pelo grupo com golpes de arma branca, mas conseguiu escapar e buscar abrigo dentro de um bar. Por último, Alan Floyd Gipsztejn foi agredido, mas também conseguiu se esconder em um bar.