Apesar das intensas rodadas de conversa nos últimos dias, o ex-presidente deixou claro que ainda não está discutindo a composição de um eventual governo petista
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 8, que a candidatura à Presidência da República em 2022 ainda não é certa. Segundo ele, a decisão será tomada no início do ano que vem.
“Difícil vocês acreditarem, porque é impossível alguém que tem 2% querer ser (presidente) e alguém que tem 40% não querer. Eu ainda não decidi. Vou decidir no momento adequado e vou conversar com todo mundo”, disse Lula, em entrevista coletiva, em Brasília.
O ex-presidente disse estar em uma fase de conversar com partidos políticos e movimentos sociais, mas garantiu que também vai dialogar com empresários, intelectuais e com a sociedade brasileira, em geral.
Apesar das intensas rodadas de conversa, Lula deixou claro que ainda não está discutindo a composição de um eventual governo petista, “A imprensa já elegeu 18 vices e oito ministros da Economia e nem sei se sou candidato”, disse.
Para Lula, “todos os partidos têm direito a ter candidato à Presidência da República, sem exceção”. Embora a campanha esteja com dois nomes mais expressivos — o dele e o do presidente Jair Bolsonaro — outros pré-candidatos devem ter espaço e se engajar na disputa, disse. “Podem ter quantas vias quiser. Eu acho muito, muito importante”, afirmou.
O petista também afirmou que o presidente da República não deve interferir nas eleições para as presidências no Congresso. “Pobre do presidente que se meter a interferir nas eleições do presidente da Câmara e do Senado, duas instituições autônomas. O presidente da República não tem que tentar eleger ninguém, ele tem que conviver democraticamente com quem for eleito”, disse.
“Quem tem que gostar são os deputados, eles que votaram, eles que vão conviver, não o presidente da República. Da mesma forma que os deputados não escolhem ministério, o presidente não pode escolher presidente da Câmara ou do Senado”, continuou.
Lula disse não saber o motivo de “tanta polêmica” em relação à proposta de regulamentação da mídia. Para ele, isso também é assunto do Congresso Nacional, não do presidente. “O que se propõe é que, em algum momento da história do Congresso, esse tema pode ser debatido. Não é um tema do presidente da República, é do Congresso Nacional”, disse.
Manifestações
Lula, que ainda não participou de nenhuma manifestação pelo impeachment de Bolsonaro, não descartou marcar presença no próximo ato, marcado para 15 de novembro. Mas, segundo ele, talvez a data esbarre em uma viagem internacional. O ex-presidente disse que não foi a nenhuma manifestação até agora por questão de responsabilidade.
“Eu não queria e não vou contribuir para transformar o ato em ato político. Porque, na hora que eu subir num caminhão, estará subindo no caminhão o primeiro colocado em todas as pesquisas de opinião pública, que pode ganhar em primeiro turno”, explicou. “Quando eu subir, não é para descer mais”, avisou.