Os médicos e cientistas questionam o estudo sobre tratamento para o novo coronavírus que envolveu 96 mil pacientes
Mais de 120 pesquisadores e médicos de todo o mundo contestam o maior estudo sobre o uso da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus. Os profissionais se uniram e divulgaram uma carta-aberta ao editor do jornal científico The Lancet, um dos mais respeitados do mundo, criticando o estudo que envolveu mais de 96 mil pessoas, entre as quais 15 mil receberam a droga. A pesquisa foi usada pela Organização Mundial da Saúde para suspender os testes do medicamento em pacientes com covid-19, bem como da variante cloroquina.
Apoiada pelos presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, a droga é usada contra malária, lúpus e artrite reumatóide.
O jornal The Guardian publicou uma reportagem informando que dados do estudo coletados na Austrália não batem com os registros de departamentos de saúde ou bancos de dados.
A carta aponta 14 pontos questionáveis do estudo, como a dosagem mais alta do que o recomendado e o fato de o código do software usado para analisar os dados não ter sido revelado. A carta critica, também, que não foram informados os nomes dos institutos de origem das informações.
Os pesquisadores que assinam a carta-aberta pediram para ter acesso aos dados, o que não foi possível devido a acordos feitos com governos e hospitais. Eles pedem que a Surgisphere, a companhia americana que detém os dados da pesquisa, emita um comunicado defendendo o estudo sobre a hidroxicloroquina. A empresa informou que trabalha apenas com institutos de primeira linha e que, como na maioria das corporações, o acesso a dados individuais de hospitais é controlado.