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quinta-feira, 26/12/24
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Médicos infectados e falta de recursos agravam coronavírus na Itália

Até domingo, a Itália confirmou 59.138 casos de coronavírus e 5.476 mortes por coronavírus

Médicos infectados e falta de recursos agravam surto de coronavírus na Itália (Antonio Masiello/Reuters)

No hospital italiano Oglio Po, 25 dos 90 médicos estão infectados com o coronavírus, o que agrava a pressão enfrentada por um sistema de saúde sobrecarregado pelo segundo pior surto do mundo.

Somando-se a isso, enfermeiras, técnicos e outros funcionários, um quinto dos empregados do hospital foi diagnosticado com a doença, disse a diretora Daniela Ferrari.

Eles e agentes de saúde como eles quase certamente disseminaram o vírus involuntariamente antes de precisarem de tratamento ou de se isolarem, disseram pesquisadores e sindicatos.

O quadro é o mesmo em outros hospitais, entre famílias de médicos e em casas de repouso – exacerbado pela falta de máscaras e luvas suficientes quando o surto foi detectado um mês atrás, dizem líderes do setor, sindicatos e médicos.

“Estamos no limite de nossas forças”, disse o doutor Romano Paolucci, que abandonou a aposentadoria para ajudar o hospital Oglio Po, próximo de Cremona, uma das cidades mais atingidas da região da Lombardia.

“Não temos recursos suficientes, e especialmente funcionários, porque, além de todo o resto, agora os funcionários estão começando a adoecer.”

Na Lombardia, região com o maior número de casos e mortes, ao menos dois hospitais se tornaram focos de contaminação – pacientes contaminaram pessoal médico, que em seguida espalhou a doença ao circular em suas comunidades antes de uma interdição severa ser imposta.

Este é um dos fatores que vêm ajudando o vírus a se disseminar tão rapidamente, disse Giuseppe Remuzzi, diretor do Instituto de Pesquisa Farmacológica Mario Negri.

“Pacientes infectaram outros pacientes e médicos, que depois saíram e contaminaram outros”, explicou Remuzzi.

Em nível nacional, 4.268 agentes de saúde – ou 0,4% do total – haviam contraído o vírus até 20 de março, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde.

Em Bergamo, cidade do nordeste da Lombardia, 134 de 600 médicos de família – ou 22% – adoeceram ou foram postos em quarentena, disse Guido Marinoni, chefe da associação local de clínicos gerais. Três médicos morreram.

Nas casas de repouso da cidade, a situação é ainda pior, já que 1.464 de 5.805 agentes de saúde adoeceram, disse.

Militares italianos detêm passageiros que querem fugir da covid-19

A polícia e o Exército italianos estão controlando quem procura trens para outras cidades. Decreto do governo do primeiro-ministro, Giusseppe Conte, assinado no sábado (21) impede os deslocamentos entre regiões e cidades.

No domingo, 22, 120 passageiros foram impedidos de embarcar na estação central de Milão, capital da Lombardia e centro da epidemia do coronavírus na Itália. Nesta segunda-feira, militares do Exército controlavam o embarque na Estação Termini, em Roma.

Conte resolveu estreitar ainda mais as regras de fechamento de atividades na Itália depois de ser pressionado pelos governadores de províncias afetadas, como a Lombardia, e por aqueles do Sul do país que ainda temiam uma fuga moradores do norte em direção a áreas ainda menos afetadas pela covid-19.

Além de controlar os deslocamentos, os decretos de fim de semana de Conte mandam fechar até 3 de abril todas as atividades não essenciais na Itália. A Pirelli, por exemplo, fechou; já a Barilla, não. Isso porque toda a indústria automobilística foi paralisada, enquanto a de alimentos pôde permanecer aberta.

Na última semana, o governador Attilio Fontana (Lombardia) havia pedido medidas mais drásticas ao governo italiano. Ele está senso assessorado por médicos chineses que enfrentaram a epidemia de coronavírus com o toque de recolher na China.

Fontana emitiu um decreto que é ainda mais rígido do que o de Conte e determinou o fechamento na região de negócios que haviam passado ilesos nas determinações do primeiro-ministro.

Esses são os casos dos escritórios de advocacia e dos de contabilidade, que fecham na Lombardia enquanto permanecem abertos no restante do país.

Davide Camparini, assessor da região lombarda, criticou o governo Conte: “Disse que deveríamos ter esperado. Aqui se está morrendo. Na Lombardia, os hotéis serão fechados, os escritórios profissionais serão fechados e a desobediência será punida com 5 mil euros de multa”, afirmou ao Corriere della Sera.

A Itália havia registrado até domingo 59.138 casos de coronavírus no país, dos quais 5.476 pacientes morreram e 7.024 foram curados. Sozinha, a Lombardia contava no domingo com mais mortos do que a China. Foram 3.456 e 5.865 pacientes curados. Ao todo 17.889 pessoas estavam em tratamento em razão da covid-19 na região. (Com agências internacionais).

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