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sábado, 23/11/24
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‘Medo de trabalhar’, diz funcionária de UPA no DF que tem 31 profissionais com coronavírus

Profissionais da unidade afirmam que situação ‘assusta’. Secretaria de Saúde não havia se manifestado até última atualização desta reportagem.

Unidade de Pronto Atendimento de Samambaia no DF — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasília.

Profissionais de saúde da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, no Distrito Federal, trabalham em estado de alerta. No último mês, 33 funcionários da unidade foram diagnosticados com o novo coronavírus, sendo que 31 ainda estão afastados por conta da doença.

“Estou com medo, assustada em trabalhar”, diz uma técnica de enfermagem que preferiu não se identificar.

Só entre terça (12) e quarta-feira (13), seis novos casos foram confirmados na unidade e funcionários afirmam que a higiene no local é precária. Acionada pelo G1, a Secretaria de Saúde não havia se posicionado até a última atualização desta reportagem.

Na terça, o Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do DF, que administra a unidade, disse que toma medidas para controlar a situação (veja mais abaixo).

Relatos

De acordo com uma funcionária ouvida pela reportagem, desde o início da pandemia, o número de máscaras na UPA foi reduzido. Segundo ela, os profissionais também não receberam treinamento suficiente sobre o uso dos capotes, aventais de proteção descartáveis utilizados pelos funcionários.

“Esse capote tem que ser usado e jogado fora. Porém a farmácia se recusa a entregar o material. Eles falam que é ordem”, afirma.

Um outro profissional de saúde que trabalha na UPA de Samambaia afirmou à reportagem que a unidade tem grande fluxo de atendimento e que a demanda de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é grande. Segundo ele, o fornecimento não atende à necessidade.

“A farmácia da UPA, quando libera só um avental, está basicamente dizendo: ‘Usa esse capote a noite toda’. Só o avental laminado pode ser usado dessa forma, mas não é isso que está acontecendo.”

Lista de distribuição

O G1 teve acesso à lista de controle dos EPIs da UPA de Samambaia, nesta quarta-feira (13) (veja foto abaixo). O documento mostra que apenas dois funcionários receberam mais de um avental descartável. Os demais profissionais receberam só um.

Lista de controle dos EPIs da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, no DF — Foto: Arquivo pessoal
Lista de controle dos EPIs da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia, no DF — Foto: Arquivo pessoal.

MP pede informações

Samambaia é a terceira região com maior número de casos de coronavírus no DF. Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), até o fim da tarde desta quarta-feira (13), a cidade tinha 161 casos confirmados. O número de mortes na região chegou a quatro.

Após a divulgação dos casos, o Ministério Público do Distrito Federal Federal (MPDFT) informou que, diante do aumento no número de contaminados na UPA de Samambaia, a 4ª Promotoria de Justiça Regional de Defesa dos Direitos Difusos (Proreg) vai pedir informações ao Iges-DF.

De acordo com o MP, o objetivo é para analisar melhor a situação e verificar as providências a serem adotadas pela Proreg.

O que diz o Iges-DF

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde afirmou à reportagem que 200 colaboradores trabalham na unidade de saúde e que “medidas foram tomadas para que os demais profissionais não fossem contaminados. Entre as ações estão:

  • Testagem de toda a equipe de colaboradores com ou sem sintomas;
  • Afastamento imediato dos profissionais que testaram positivo e testagem de seus familiares;
  • Descontaminação diária de todos os ambientes da UPA;
  • Reforço no treinamento para uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs).

Veja posicionamento na íntegra:

“Em decorrência do aumento de números dos casos confirmados na cidade de Samambaia, onde o índice de isolamento da população é inferior ao mínimo previsto para que se evite a transmissão do coronavírus, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IGESDF) informa que a UPA de Samambaia teve o registro de 33 colaboradores acometidos pela covid-19, nos últimos 36 dias.

São técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos.

Atualmente, 31 estão afastados em acompanhamento domiciliar e dois já cumpriram quarentena e puderam voltar às suas atividades.

Como ação para evitar que o universo de cerca de 200 colaboradores que atuam na UPA sejam contaminados, a unidade já vinha adotando algumas medidas.

Dentre elas, a testagem de toda a equipe de colaboradores com ou sem sintomas; e afastamento imediato dos profissionais que testaram positivo e, testagem de seus familiares.

Além disso, assim como em todo o IGESDF, a UPA passa diariamente por descontaminação total em todos os seus ambientes.

O reforço no treinamento para uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs), e conscientização a extrema necessidade do uso dos mesmos, além de orientação para paramentação e desparamentação também tem sido feitos pela gestão.

Salientamos também que, a fim de suprir o déficit nos quadros, causado pelos afastamentos, equipes temporárias treinadas e ativas em outras unidades foram convocadas para que a prestação de serviços continue de forma adequada. Nenhum atendimento foi restringido.

Destacamos também, que não há reaproveitamento de qualquer item de EPI descartável. A equipe que cuida dos pacientes com suspeitas da covid-19 utiliza capotes ou macacões laminados, que possuem período de uso prolongado e recebem borrifação de produto que os descontamina a cada necessidade de intervenção junto ao paciente dentro dos espaços destinados ao isolamento de casos suspeitos.”

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