Caixas de merenda de escolas estaduais dividem espaço com tambores de empresas de produtos químicos no galpão de uma empresa de logística em Guarulhos, na Grande São Paulo, como mostrou o Bom Dia São Paulo nesta terça-feira (10). A denúncia foi feita pelos motoristas que fazem o transporte. A IBL Logística, que já foi notificada pelo governo estadual, disse que opera dentro das normas previstas em contrato.
As caixas com alimentos têm a identificação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Os sacos de arroz estão separados e embalados à parte e têm a mesma identificação.
As imagens das caixas foram feitas por motoristas que transportam as cargas da Empresa Intermodal Brasil Logística (IBL), que fica às margens da Rodovia Fernão Dias. A empresa é a responsável pela distribuição da merenda escolar na rede estadual de ensino.
Os motoristas carregam vans e caminhões todas as madrugadas e a entrega é feita durante o dia nas escolas estaduais da capital e do interior. “Um local sujo, cheio de combustível, querosene, óleo lubrificante, outros aditivos”, disse um deles.
Até o ano passado, ainda segundo os motoristas, a merenda saía do Centro de Distribuição do governo do estado em Cajamar, na Grande São Paulo, diretamente para as escolas. Atualmente, com a armazenagem no galpão em Guarulhos a empresa paga mais barato pelo frete.
“Uns 60% do valor que a gente estava recebendo caiu. Essa merenda não podia estar no galpão da IBL. Tinha que estar no galpão do estado”, disse um motorista.
Na licitação que a empresa IBL ganhou no final do ano passado para prestar o serviço na merenda está claro o objetivo de assumir o gerenciamento, a administração e a operacionalização do Centro de Distribuição de Cajamar. Pelo contrato, a empresa tem que fornecer mão de obra, materiais, veículos e equipamentos, recebendo quase um R$ 1, 5 milhão todos os meses do governo do estado.
O edital também é claro ao determinar que o prestador do serviço deve impedir a existência de produtos químicos e materiais tóxicos no espaço reservado ao estoque de gêneros alimentícios.
“A gente fica desapontado do que eles tão fazendo. Eu acho que não é certo tratar o alimento dessa maneira. Nem em casa a gente quer sabão ao lado de um arroz”, afirmou outro motorista.
Em nota, a Secretaria de Educação do Estado disse que a empresa foi notificada e vai ter que prestar esclarecimentos, caso fique comprovado o desrespeito ao contrato. Entre as possíveis punições, estão o rompimento do contrato e uma multa, que pode chegar a R$ 2 milhões.
A secretaria também disse que mandou uma equipe para o depósito de Guarulhos assim que soube da denúncia, mas que essa equipe não encontrou alimentos guardados no galpão.
A secretaria ainda ressalta que todo o armazenamento de produtos deve ser feito no galpão de Cajamar, que é constantemente inspecionado.
Fonte: G1