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Merkel promete continuar governo após renúncia de líder do SPD

Aliança governista alemã foi abalada por fraco resultado nas eleições para o Parlamento Europeu

Angela Merkel: chanceler reconheceu inúmeros desafios que precisam ser enfrentados na Alemanha, Europa e além – 29/10/2018 (Markus Schreiber/AP)

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, prometeu neste domingo 2 continuar com seu governo mesmo após Andrea Nahles, líder dos social-democratas, partido de centro-esquerda parceiro na coalizão, ter renunciado após uma série de resultados eleitorais decepcionantes.

Em um pronunciamento surpresa horas antes, Nahles anunciou a intenção de sair, dizendo que buscava “clareza” depois que questionamentos foram levantados sobre sua capacidade de liderar o Partido Social-Democrata (SPD). A legenda terminou em terceiro lugar nas eleições para o Parlamento Europeu no mês passado, recebendo 15,8% dos votos, atrás do bloco de centro-direita de Merkel, com 28,9%, e da aliança de partidos ambientalistas, com 20,5%.

“O apoio necessário para eu realizar minhas tarefas não está mais lá”, disse Andrea, em comunicado. Ela afirmou que deixará o cargo de presidente dos social-democratas e líder de sua facção parlamentar nos próximos dias para garantir que seus sucessores sejam escolhidos “de maneira ordenada”.

Merkel expressou respeito pela decisão de Nahles. “É claro que eu também respeito as decisões que o Partido Social-Democrata agora precisa tomar”, disse ela a repórteres em Berlim.

“Vamos continuar o trabalho do governo, com toda a seriedade e especialmente com um grande senso de responsabilidade”, acrescentou Merkel, ressaltando os inúmeros desafios que precisam ser enfrentados na Alemanha, Europa e além.

A líder do partido de Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), também tentou minimizar a possibilidade de que a “grande coalizão” dos dois maiores partidos da Alemanha entre em colapso. “Estou trabalhando com base na suposição de que os social-democratas agora tomarão as decisões necessárias sobre pessoal e a capacidade da grande coalizão de agir não será comprometida”, disse Annegret Kramp-Karrenbauer a repórteres.

“Continuamos a apoiar a grande coalizão”, acrescentou. Em um ataque a seus próprios críticos dentro dos Democratas Cristãos, ela advertiu que “esta não é a hora para considerações táticas dentro do partido”.

Andrea Nahles assumiu a liderança do partido em fevereiro de 2018, quando os social-democratas se uniram de forma relutante em uma coalizão com os conservadores de Merkel, após um fraco desempenho nas eleições alemãs do ano anterior.

Ainda que o SPD tenha conseguido avançar em sua agenda de melhorar o bem-estar social e as condições de trabalho de milhões de alemães, os eleitores não recompensaram o partido por isso nas urnas. Em vez disso, muitos se voltaram para os ambientalistas, para o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) ou para o bloco cada vez mais centrista União, de Merkel, nos últimos anos.

Uma derrota eleitoral na semana passada em um antigo bastião dos social-democratas, o Estado de Bremen, e a perspectiva de novas derrotas nas eleições locais no leste da Alemanha dentro de alguns meses alarmaram muitos na legenda.

“O partido está em uma situação extremamente séria”, disse a vice de Nahles, Malu Dreyer, governadora do Estado de Renânia-Palatinado. “Se não conseguirmos nos unir e encontrar uma saída, as coisas ficarão muito sombrias.” Ela disse a repórteres em Berlim que autoridades do partido se reunirão nesta segunda-feira, 3, para discutir os próximos passos.

O ex-líder do partido, Sigmar Gabriel, afirmou ao diário Hannoversche Allgemeine Zeitung que os social-democratas precisam de uma “desintoxicação” para evitar que as lutas internas pelo poder prejudiquem ainda mais o partido. A legenda planejava realizar uma revisão de meio de mandato da coalizão com o bloco de Merkel no fim deste ano, levantando a perspectiva de um fim prematuro da coalizão.

Merkel, que entregou a liderança de seu partido União Democrata-Cristã à Kramp-Karrenbauer em dezembro, disse que quer continuar como chanceler até o fim de seu quarto mandato. A Alemanha realiza sua próxima eleição nacional no final de 2021.

(Com Estadão Conteúdo)

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