A mineradora britânica Anglo American e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), estatal responsável pela distribuição de água no estado, alinharam hoje (13) estratégias para garantir o abastecimento na cidade de Santo Antônio do Grama (MG). Distante 210 quilômetros de Belo Horizonte, o município vem sendo atendido por meio de caminhões-pipa desde ontem (12), quando um mineroduto se rompeu e levou poluição ao Ribeirão Santo Antônio. No manancial, era feita a captação da água destinada à população de aproximadamente 4,2 mil pessoas.
Após reunião com participação da prefeitura de Santo Antônio do Grama, a Copasa e a Anglo American decidiram realizar uma captação alternativa no Córrego do Salgado, localizado a 600 metros da Estação de Tratamento de Água (ETA) do município. Uma adutora provisória e superficial já está em funcionamento desde às 19h e a expectativa é que o sistema de distribuição vá se regularizando ao longo do dia de amanhã (14). Ao mesmo tempo, uma outra tubulação será instalada no subsolo. De acordo com a Anglo American, a obra deverá ser concluída em três dias e será uma alternativa permanente para captação de água.
Os custos, tanto destas intervenções como do fornecimento dos caminhões-pipa, são de responsabilidade da mineradora. “Foram disponibilizados, ao longo do dia, 213 mil litros de água, que estão abastecendo residências e a ETA da Copasa. Também emergencialmente, a Anglo American está distribuindo água mineral para a população. Nesta noite, serão recebidos 15 mil litros. Para amanhã, é aguardada a chegada de dois caminhões carregados com 26 mil litros de água mineral”, informou a empresa.
Em nota, a Copasa lembra que o reabastecimento da cidade não ocorre de imediato a partir do bombeamento da água do Córrego do Salgado. “Após o inicio da captação de água bruta, a companhia estima o período de cerca de oito horas para o início do reabastecimento, que será realizado de forma gradativa em Santo Antonio do Grama. Enquanto isso, o abastecimento na cidade segue realizado por meio de caminhões-pipa”.
De acordo com informações da mineradora, o rompimento ocorreu às 7h42 de ontem (12) e as 300 toneladas de polpa de minério que vazaram não possuem substâncias químicas ou tóxicas, sendo classificada pela NBR 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), como resíduo não perigoso. “Os monitoramentos ao longo do dia no Ribeirão Santo Antônio mostraram uma melhora significativa da qualidade da água. A pluma chegou à confluência do Rio Casca, porém, já bastante diluída, e não comprometeu a qualidade da água. A Estação de Tratamento de Água de Rio Casca segue operando normalmente. O trabalho de retirada de sedimentos da calha do curso d’água começa amanhã”, informa a Anglo American.
A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais (Semad) e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) ainda avaliam o episódio e não há nenhuma decisão sobre penalidades. Por sua vez, o Ministério Público Federal instaurou inquérito para apurar o rompimento.
O duto rompido transporta a produção da Anglo American de Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Ele integra o empreendimento Minas-Rio, que compreende a extração de minério nas serras do Sapo e Ferrugem, o beneficiamento nos municípios de Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas (MG) e ainda o mineroduto de 525 quilômetros que se encerra em um porto em Barra de Açu, no município de São João da Barra (RJ).