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sábado, 23/11/24
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Ministro do MMA, Ricardo Salles é vaiado em evento internacional; veja

Encontro antecede a esperada reunião do clima da ONU, a COP-25, para implementação do Acordo de Paris, o pacto global de combate às mudanças climáticas

Salles: recepção nada calorosa ocorre em em momento delicado para área ambiental brasileira. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

São Paulo – O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi vaiado ao subir no palco para discursar durante a Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudança do Clima (#LACClimateWeek).

Organizado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o evento chega ao seu terceiro dia em Salvador e antecede a esperada reunião do clima da ONU, a COP-25, destinada à implementação do Acordo de Paris, o pacto global de combate às mudanças climáticas.

Ao ser convidado pelo cerimonialista para subir ao palco, Salles foi recebido por um coro de “Uuuu!”, entremeado por alguns poucos aplausos. A participação de Salles não estava prevista na agenda oficial oficial do MMA. Mais de 26 países participam do encontro.

Três meses antes de ser realizada, a Semana do Clima foi alvo de críticas do governo. No começo do ano, o ministro anunciou que cancelaria o encontro, mas acabou voltando atrás, após negociações da pasta com o prefeito de Salvador, ACM Neto, do Democratas, que já trabalhava com a possibilidade de realizar o evento mesmo sem aprovação do governo federal.

Na ocasião, Ricardo Salles desdenhou da iniciativa da prefeitura soteropolitana: “Vou fazer uma reunião para a turma ter oportunidade de fazer turismo em Salvador? Comer acarajé?”.

A recepção nada calorosa ocorre em em momento delicado para área ambiental brasileira.

As intervenções contra o aquecimento global estão entre as mais afetadas pelo bloqueio de recursos feitos pelo governo federal. Dos R$ 11,8 milhões que seriam usados neste ano na Política Nacional sobre Mudança do Clima, para atender a compromissos assumidos pelo MMA, R$ 11,3 milhões foram contingenciados (96%), sobrando apenas R$ 500 mil.

Na sequência, o governo federal travou uma queda de braço com os principais doadores do Fundo Amazônia, mais importante ferramenta para preservação da floresta. Diante do imbróglio em torno do uso dos recursos do fundo e das atribuições do comitê gestor, e com a disparada recente  nas taxas de desmatamento na Amazônia, Alemanha e Noruega resolveram suspender o repasse de verbas para o Fundo.

Os cortes em programas importantes ligados ao meio ambiente acabam minando o poder de resposta dos órgãos públicos aos desastres. Além de praticamente zerar o orçamento para implementar políticas sobre mudanças climáticas no Brasil, o governo federal bloqueou em maio 38,4% do orçamento para prevenção e controle de incêndios florestais, montante equivalente a R$ 17,5 milhões.

Há duas semanas, florestas e matas ardem em chamas nos estados do Norte, se estendendo pelo Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, incluindo áreas da Amazônia e do Pantanal. O incêndios já atingiram a tríplice fronteira entre Brasil, Bolívia e Paraguai, consumindo mais de 20 mil hectares de vegetação.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio florestal aumentou 82% entre janeiro e agosto de 2019 na comparação com o mesmo período de 2018.

 

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