A corte alemã julgou que a modelo Gina-Lisa Lohfink fez uma acusação falsa, pois não mostrava evidências físicas de violência
A modelo alemã de 29 anos Gina-Lisa Lohfink prestou queixa à polícia de que foi drogada e estuprada por dois homens, que filmaram o crime e publicaram as imagens na internet. Após o julgamento do caso, porém, os responsáveis pelo ato receberam uma pequena multa, enquanto a Lohfink foi ordenada a pagar 27.000 dólares (cerca de 91.000 reais).
O juiz, cujo nome não foi divulgado, alegou que as imagens mostravam que a modelo gritou “não” para a gravação, mas não para o ato. Seguindo a lei alemã, a corte decidiu que ela havia feito uma acusação falsa de estupro e, portanto, foi multada de acordo. “Eles estão me transformando de vítima em criminosa”, disse a ex-competidora do programa de televisão Germany Next Top Model ao jornal Der Spiegel. “Eu preciso ser assassinada primeiro? As autoridades só irão entender assim?”, questionou Gina-Lisa.
A legislação alemã é criticada por grupos de defesa das mulheres há anos devido a regras brandas em relação a casos de violência sexual. Atualmente, a lei defende que apenas dizer “não” para um ato não configura estupro: a vítima também deve mostrar evidências de resistência física. De acordo com o jornal The Washington Post, pesquisas recentes revelam que 86% da população defendem uma mudança para regras mais rigorosas.
Sob pressão, legisladores alemães estão planejando modificações para que a resistência verbal também passe a representar estupro no país. Além disso, a proposta puniria investidas sexuais agressivas por parte de indivíduos ou grupos. “Nós precisamos de um endurecimento na lei para que finalmente a autodeterminação sexual seja protegida incondicionalmente na Alemanha”, afirmou a ministra de questões familiares do país, Manuela Schwesig, ao Der Spiegel. “Dizer ‘pare!’ é claro o suficiente”, declarou.