Moedas de mercados emergentes têm se saído melhor do que pares de países desenvolvidos, particularmente aqueles com economias apoiadas em commodities
Na batalha contra a disparada do dólar, moedas de mercados emergentes têm se saído melhor do que pares de países desenvolvidos, particularmente aqueles com economias apoiadas em commodities.
Isso pode ser visto em uma comparação simples que mede o valor do dólar com base em sua competitividade em relação aos parceiros comerciais. O índice do Federal Reserve ponderado pelo comércio para o dólar em relação às moedas de economias avançadas subiu muito mais rápido que seu equivalente para mercados emergentes desde o início do rali da moeda americana no início de 2021. Só neste ano, o indicador avançou 8,6%, cerca de quatro vezes acima da valorização média em 10 anos. Isso se compara a um ganho modesto de cerca de 2,9% em 2022 para o indicador de mercados emergentes, um pouco superior à média de 10 anos, de cerca de 2,6%.
Moedas apoiadas por commodities, como o real e o rublo russo, mostram melhor desempenho este ano (embora, no caso deste último, isso tenha mais a ver com a guerra na Ucrânia do que com a dinâmica do mercado). Estão entre as poucas que se valorizaram frente ao dólar, juntamente com o sol peruano e o peso mexicano.
Embora os preços das matérias-primas tenham se desacelerado em relação às máximas, o índice de commodities da Bloomberg ainda está cerca de 20% acima de sua média de 10 anos. Ou seja, os maiores exportadores ainda são capazes de colher os benefícios dos altos preços das matérias-primas, apesar da recente fraqueza.
Outro aspecto a ser considerado são os juros e a crise energética na Europa. Bancos centrais de países em desenvolvimento começaram a aumentar as taxas muito antes de instituições como o Federal Reserve, Banco da Inglaterra e Banco Central Europeu. Isso deu às suas moedas um amortecedor e uma chance de lutar, em vez de tentar recuperar o atraso ao longo do ciclo de aperto monetário.
A ressalva é que, se houver mais aumentos consistentes dos juros de grandes proporções pelo Fed, essa equação poderia mudar. No entanto, à medida que países europeus correm para abordar a crise de energia, o risco de suas economias entrarem em recessão é outra ameaça enfrentada por moedas de mercados desenvolvidos.
Nota: Nour Al Ali escreve para o blog Markets Live da Bloomberg. As observações são de sua autoria e não pretendem ser conselhos de investimento.