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segunda-feira, 25/11/24
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Mudança do vento deixa nuvem de gafanhotos a 90 km da fronteira do Brasil

Cidade gaúcha mais próxima dos insetos, Barra do Quaraí, está a 96 km de distância. Imagem feitas do lado argentino mostram a nuvem se alimentando em uma lavoura.

Gafanhotos não fazem mal a humanos, mas podem gerar grandes prejuízos econômicos — Foto: Divulgação/Senasa

Com a mudança na direção do vento no local, a nuvem de gafanhotos que está na Argentina voou quase 10 km e está a 90 km da fronteira com o Brasil, nesta quinta-feira (23). A aproximação é equivalente a distância entre Porto Alegre e Nova Petrópolis, na Região Metropolitana.

A cidade gaúcha mais próxima dos insetos é Barra do Quaraí, a 96 km. Esse é o ponto mais próximo do Rio Grande do Sul que os gafanhotos chegaram.

Durante a manhã, técnicos do Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Agroalimentar da Argentina (Senasa) aplicaram inseticidas, por via terrestre, na cidade de Federacion, na Argentina.

Imagem feitas do lado argentino mostram a nuvem se alimentando em uma lavoura. Os gafanhotos comem plantas e dão preferência para folhas bem verdes, principalmente milho, trilho, soja e pastagens para o gado.

Especialistas estimam que cerca de 40 milhões de gafanhotos devoram o equivalente a alimentação de 2 mil vacas em um dia. A nuvem que ameaça chegar ao Brasil é 10 vezes maior, ou seja, tem potencial para devorar o que 20 mil vacas comeriam por dia.

“É o elevado impacto que eles podem causar nas plantas cultivadas. Em algumas situações, a gente pode estar perdendo uma safra que é o caso do trigo, ou perdendo um ou dois anos de área folhar, que é o caso do citros. É por isso que a gente tem essa preocupação, que esses organismos cheguem nas nossas regiões e podem causar, sim, elevados impactos para a agricultura”, explica o entomologista Maurício Passini.

Agricultores gaúchos já sofreram perdas por ataques desses insetos no passado. Até 1990, as nuvens de gafanhotos eram mais comuns no Rio Grande do Sul, mas há quase 30 anos, uma ameça como essa não estava tão perto das lavouras do estado.

De acordo com pesquisadores, a única maneira capaz de combater um ataque de gafanhotos é através da aplicação de inseticidas. E foi para combater uma nuvem como essa que o primeiro avião agrícola decolou no estado na década de 1940.

O plano de combate aos insetos pode contar até, caso necessário, com cerca de 400 aviões para aplicar o agrotóxico contra a nuvem. Cerca de 70 aeronaves, usadas para aplicação de inseticidas, já estão prontas para uso. A Secretaria de Agricultura do estado quer começar esse trabalho antes dos insetos chegarem em solo gaúcho.

“Estamos em estado de alerta. Existe chance deles chegarem ao Rio Grande do Sul. Com essa ação em conjunto com os demais países, poderíamos ajudá-los e também proteger a nossa fronteira”, explica o secretário Covatti Filho

O Ministério da Agricultura repassou R$ 600 mil para compra de inseticidas e de combustível para as aeronaves.

Do lado uruguaio também há preocupação. Diretores do Ministério da Agricultura do país sobrevoaram a área e informaram que homens do exército nacional vão ajudar no monitoramento dos insetos.

Três nuvens

Até o momento, são três nuvens de gafanhotos localizadas na América do Sul, sendo duas na Argentina e uma no Paraguai.

  • A primeira nuvem foi localizada em maio, vinda do Paraguai para a Argentina. O fenômeno chamou a atenção de produtores brasileiros a partir da segunda quinzena de junho, quando passou a existir um risco real da entrada dos insetos no Brasil;
  • No dia 16 de julho, uma nova onda de insetos foi localizada no Paraguai e que se encontra atualmente na região do Chaco, muito próxima da divisa com o território argentino. Técnicos dos dois países monitoram o deslocamento dos gafanhotos;
  • Por fim, a terceira nuvem foi localizada pelo governo da Argentina nesta terça-feira, ainda existem poucas informações sobre esta onda de insetos.

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