Sobrinho do rei saudita Salman bin Abdulaziz, príncipe é considerado um dos maiores investidores do Twitter; rede foi palco de confronto com bilionário americano fundador da Tesla
O último capítulo das tentativas de Elon Musk, fundador da Tesla e da Space X, de comprar o Twitter teve direito a uma troca de farpas pública com o príncipe Alwaleed bin Talal, da Arábia Saudita, dono da Kingdom Holding Company, acionista da plataforma de mídia. Sobrinho do rei saudita Salman bin Abdulaziz, Talal é considerado um dos maiores investidores do Twitter. Em 2015, último ano em que divulgou o tamanho de sua participação, ele detinha mais de 5% das ações da companhia.
“Não acredito que a oferta proposta de Elon Musk (US$ 54,20) chega perto do valor intrínseco do Twitter dadas suas perspectivas de crescimento”, afirmou o príncipe na última quinta, dia 14. “Sendo o maior e mais antigo investidor do Twitter, minha empresa e eu rejeitamos essa oferta”.
Musk, que revelou uma oferta de 43 bilhões de dólares para comprar todas as ações do Twitter, não se deu por vencido. “Quanto o reino da Arábia Saudita possui do Twitter, direta e indiretamente? Quais são as visões do reino sobre a liberdade de expressão jornalística”, perguntou a Talal, por meio da mídia social.
I don’t believe that the proposed offer by @elonmusk ($54.20) comes close to the intrinsic value of @Twitter given its growth prospects.
Being one of the largest & long-term shareholders of Twitter, @Kingdom_KHC & I reject this offer.https://t.co/Jty05oJUTk pic.twitter.com/XpNHUAL6UX
— الوليد بن طلال (@Alwaleed_Talal) April 14, 2022
O bilionário americano, detentor de uma fortuna de 250 bilhões de dólares, tem dito que, caso se torne o único dono do Twitter, deverá acabar com a política de combate à “desinformação” e censura na plataforma. Diversas contas na plataforma têm sido suspensas desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro, intensificando um fenômeno observado anteriormente.
Na Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico — assim como na China –, as mídias sociais passam por um escrutínio do governo e algumas são alvo de controle. Em geral, não é possível fazer ligações de voz pelo WhatsApp, por exemplo, nos Emirados Árabes e no reino saudita.
Atualmente, Musk possui 9,2% das ações do Twitter. Nesta sexta, dia 15, a empresa que opera a rede social informou ao mercado que deverá adotar as chamadas poison pills, ou pílulas do veneno, até 14 de abril de 2023, “depois da proposta não solicitada para a aquisição do Twitter”. As pílulas de veneno são mecanismos de mercado adotados normalmente para proteger os acionistas de uma empresa.
O Twitter informou que a ação “reduz a probabilidade de que qualquer entidade, pessoa ou grupo ganhe o controle do Twitter por meio de acumulação no mercado sem o pagamento a todos os acionistas do prêmio de controle apropriado ou sem providenciar ao conselho tempo suficiente para fazer um julgamento com informações e tomar ações que sejam do melhor interesse dos acionistas”.