Negociações pós-Brexit recomeçam em Londres em semana crucial
Publicado por Redação em
Na ausência de acordo, uma ruptura brusca prejudicaria ainda mais as economias europeias já fortemente enfraquecidas pela pandemia do coronavírus

Brexit: as partes consideram que meados de novembro é a data-limite para alcançar um acordo a tempo de ratificá-lo e possibilitar sua entrada em vigor em 1º de janeiro (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
As negociações pós-Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) foram retomadas nesta segunda-feira (9), em Londres, na tentativa de ultrapassar as “importantes divergências” que persistem em uma semana que pode ser decisiva, diante do pouco tempo que resta para se chegar a uma solução.
“Contente de estar de novo em Londres”, tuitou o negociador-chefe europeu, Michel Barnier, que se referiu a “redobrar os esforços” em busca de um acordo para o qual se requer “respeitar a autonomia europeia e a soberania britânica”, “sólidas garantias de concorrência justa” e um “acesso recíproco para a pesca e seu mercado”.
O primeiro-ministro Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, conversaram por telefone no sábado (7).
“Algum progresso foi feito, mas persistem divergências graves”, sobretudo, no que diz respeito à questão da pesca, que é muito sensível, disse a autoridade europeia no Twitter.
Um comunicado de Downing Street concordou que as diferenças continuam sendo “importantes” neste tema da pesca e em relação às regras de concorrência leal.
Ambas as partes consideram que meados de novembro é a data-limite para alcançar um acordo a tempo de ratificá-lo e possibilitar sua entrada em vigor em 1º de janeiro próximo. É nesta data que termina o período de transição pós-Brexit em que o Reino Unido se encontra, após deixar a UE em 31 de janeiro passado.
Na ausência de um acordo, uma ruptura brusca prejudicaria ainda mais as economias europeias já fortemente enfraquecidas pela pandemia do coronavírus.
“Esta é, possivelmente, a semana mais importante que temos nas negociações do Brexit desde esta época do ano passado, quando tentamos fechar um acordo de retirada, que foi tenso e difícil”, disse à rádio pública RTE o ministro irlandês das Relações Exteriores, Simon Coveney.
“Estamos realmente na reta final, e acho que verão um grande esforço esta semana para tentar encontrar um modo de encerrar isso que seja aceitável para ambas as partes”, acrescentou.
Neste contexto, a Câmara dos Lordes – Câmara alta do Parlamento britânico – vota na tarde desta segunda-feira um projeto de lei que revoga parte dos compromissos assumidos por Londres no acordo de divórcio relativo à fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e da República da Irlanda, país-membro da UE.
E pode infligir um revés ao governo de Boris Johnson, por considerar que esta clara violação de um tratado internacional põe em risco a reputação e a credibilidade do Reino Unido.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, já avisou em setembro passado que qualquer ameaça ao frágil processo de paz na Irlanda seria um obstáculo ao acordo de livre-comércio que Londres pretende firmar com Washington.
“Não podemos permitir que o acordo da Sexta-Feira Santa, que trouxe paz à Irlanda do Norte, se torne uma vítima do Brexit”, advertiu Biden, que tem raízes irlandesas.
Segundo Coveney, isso poderá, “talvez, marcar a diferença”.
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