Em visita a Pernambuco, presidente vai pela primeira vez desde a posse à região onde perdeu nos nove estados
Para o presidente Jair Bolsonaro, é hora de colocar o slogan “Mais Brasil, menos Brasília” em prática. O presidente faz nesta sexta-feira viagem a Pernambuco, em sua primeira visita oficial à região Nordeste desde que foi eleito.
No Recife, capital pernambucana, Bolsonaro se reunirá com governadores dos estados nordestinos para anunciar adição de 2,1 bilhões de reais para o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, destinado a obras de infraestrutura. Mais tarde, o presidente passa também por Petrolina, onde vai entregar casas do programa Minha Casa Minha Vida e assinar construção de obras.
Em ambas as cidades, Bolsonaro deve ser recebido com protestos. No Recife, estudantes da Universidade Federal de Pernambuco farão ato contra o presidente. Em Petrolina, vereadores locais retiraram da pauta de votação na quinta-feira um projeto que daria ao presidente título de cidadão petrolinense, após um grupo de manifestantes ocupar o plenário. A visita também gerou protestos nas redes sociais, com a tag “Nordeste cancela Bolsonaro” chegando aos assuntos mais comentados na segunda-feira, 20.
Nas eleições de 2018, o presidente perdeu em todos os nove estados nordestinos para o então concorrente Fernando Haddad (PT). Em entrevista ao SBT em janeiro, Bolsonaro disse sobre os governadores que “espero que não venham pedir dinheiro para mim, que eu não sou o presidente deles”, fazendo referência ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que o presidente dos governadores está “em Curitiba”.
O discurso de Bolsonaro, contudo, parece ter mudado. A reunião com os governadores nordestinos acontece após o presidente se reunir também com a bancada do Nordeste no Congresso nesta semana, tentando dialogar com os 151 deputados e 27 senadores para passar projetos como a reforma da Previdência e as mais de cinco Medidas Provisórias que estão para caducar. Na ocasião, contudo, o senador de oposição Humberto Costa (PT-SP) postou no Twitter imagem de diversas cadeiras vazias, mostrando que significativa parte dos parlamentares não foi ao encontro.
Com seus nove estados e 43% do eleitorado brasileiro e grande demanda por projetos sociais e de desenvolvimento, o Nordeste é um desafio e tanto para um governo claudicante. A próxima visita à região, neste contexto, não deveria demorar novos cinco meses, como a primeira.