Banida das lojas de aplicativos após invasão no Capitólio, rede social era opção predileta da direita radical
Após a invasão feita por apoiadores de Trump no Capitólio em Washington, nos Estados Unidos, na última quarta-feira (6), e o banimento do presidente Donald Trump das redes sociais, as atenções se voltaram para o aplicativo Parler, uma rede social parecida com o Twitter. Favorita dos trumpistas, a rede social foi essencial para organizar o ataque que tentou impedir a confirmação da vitória do democrata Joe Biden e virou refúgio para os apoiadores de Trump diante da postura mais ativa das redes sociais de bloquear mensagens que incentivam a violência ou promovem a desinformação.
Junto com o banimento de Donald Trump em diversas redes sociais, não demorou para que as gigantes Google, Apple e Amazon se manifestassem contra o aplicativo que poderia potencialmente influenciar mais um tumulto — desta vez, na posse de Joe Biden, que acontecerá no dia 20 de janeiro.
Hoje (11), o aplicativo foi banido das lojas de aplicativos da Apple e do Google. A Amazon anunciou que não forneceria seus serviços de computação em nuvem para a rede. O CEO do Parler, John Matze, afirmou em sua última postagem na rede que o aplicativo “provavelmente ficará inativo por mais tempo do que o esperado” por conta de fornecedores “abandonando” o Parler.
Mas, afinal, o que é a rede social que, para muitos, apareceu tão rápido quanto desapareceu?
O que é o Parler
Parler é uma rede social semelhante ao Twitter, descrita como uma “plataforma de comentários e notícias sociais”. Ela ganhou atenção de apoiadores de Donald Trump, extremistas, conservadores e fãs de teorias da conspiração por se anunciar como um aplicativo que “apoia a liberdade de expressão”. Na realidade, a falta de moderação torna o aplicativo um espaço perfeito para a divulgação de fake news e desinformação.
Em novembro, postagens feitas por Trump no Twitter afirmando que a eleição havia sido fraudada pelo Partido Democrata foram sinalizadas como potencialmente falsas pelos moderadores da rede social. Uma análise do New York Times apontou que 15 das 44 publicações do presidente receberam algum tipo de marcação.
Em postagem, o Twitter afirmou ter marcado cerca de 300.000 tuítes de diversos usuários sobre as eleições como potencialmente enganosos.
Restrições como estas, que também aconteceram no Facebook, tornaram o Parler o refúgio de adoradores do presidente americano. De acordo com informações do The Verge, o aplicativo recebeu quase 1 milhão de downloads entre os dias 3 e 8 de novembro, durante a semana da eleição nos Estados Unidos.
Como é o conteúdo do Parler
Em poucos meses, a rede social se tornou um espaço repleto de mensagens que destilam misoginia, xenofobia, racismo, anti-semitismo e, principalmente, ódio aos democratas americanos.
“Acabe com isso, Senhor Presidente. Julgue, enforque ou atire neles publicamente. Os traidores, ladrões e pervertidos que deixaram nosso abençoado país como refém”, publicou o usuário IMPatriotRU.
“Para todos os democratas: isso não é um videogame. Existem muitos veteranos que vão gostar de dar um tiro em seus cérebros. Muitos de nós mal podem esperar por isso. Pensei que gostariam de saber”, escreveu o usuário Josephcarson607.
Na semana após a invasão ao Capitólio, muitos usuários começaram a falar sobre um apagão nacional que seria divulgado pelo presidente Donald Trump através do sistema de transmissão de Emergência nos Estados Unidos. Não há nenhum indício que a informação seja verdadeira.
A postagem do usuário linwood sobre o apagão foi vista por mais de 700 mil usuários antes do aplicativo ser banido. Nele, ele escreve: “Nós temos um homem de coragem e fé no comando. Ele estará no comando por mais 4 anos de acordo com o Estado de direito”.
O Parler é usado no Brasil?
O presidente Jair Bolsonaro também é usuário da rede social desde julho de 2020 junto com seu filho, o senador Flávio Bolsonaro.
Siga-me no Parler!
A rede social que tem como prioridade a liberdade de expressão!
Link: https://t.co/DVRFtqP3la pic.twitter.com/3vihfzrgYJ— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) July 1, 2020
De acordo com a Bloomberg, no mês que ambos anunciaram sua presença na rede social, metade das instalações do aplicativo foram de brasileiros. O nome de usuário do presidente pode ser encontrado facilmente em sua descrição no Twitter.
Agora, com o banimento do aplicativo na App Store e na Google Play Store, fica inconclusivo para onde os apoiadores de Trump e Bolsonaro irão migrar. Algumas redes sociais menos conhecidas, como o Minds, MeWe, Gab e até o aplicativo de mensagens Telegram vêm sendo promovidos por usuários como possíveis opções.