Astrônomos encontraram um buraco negro gigante em um local inesperado e acreditam que a descoberta pode ser uma pista de que objetos assim são mais comuns do que se acreditava.
O Universo pode estar repleto de buracos negros gigantescos, sugere um novo estudo publicado nesta quarta-feira na revista Nature. A ideia veio após a descoberta de um buraco negro supermassivo (com massa equivalente a 17 bilhões de vezes a do Sol) em um lugar inesperado: o centro de uma galáxia que está em um local considerado isolado e tranquilo no Universo. As proporções do buraco negro e o local incomum onde se encontra podem ser uma pista que indica que esses “objetos monstruosos podem ser mais comuns do que se acreditava”, afirmou a Agência Espacial Europeia (ESA) em nota.
Até o momento, buracos negros supermassivos (aqueles com mais de 10 bilhões de vezes a massa do Sol) haviam sido vistos no centro de grandes galáxias que se localizam em grupos densos e agitados do Universo. Essa é a primeira vez que os astrônomos conseguem identificar um objeto assim em um local tão afastado e “sossegado”. A galáxia onde ele se encontra, chamada NGC 1600, está a 200 milhões de anos-luz (cada ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros) e faz parte de um pequeno grupo de cerca de 20 galáxias na constelação Eridanus – uma região praticamente deserta em termos cósmicos.
“Mesmo que já tivéssemos evidências que essa galáxia pudesse abrigar um objeto extremo em seu centro ficamos muito surpresos de perceber que o buraco negro da NGC 1600 seja dez vezes mais massivo que o previsto”, afirmou Jens Thomas, pesquisador do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre e líder do estudo, em comunicado da ESA.
“Ponta do iceberg” – A grande questão levantada pela descoberta é que, se buracos negros monstruosos podem surgir em uma galáxia modesta como a NGC 1600 que, aparentemente, não faz parte de um grande agrupamento de galáxias, talvez os buracos negros gigantes não precisem de condições tão especiais para surgir: eles poderiam estar espalhados por diversos outros aglomerados menores de galáxias, algo relativamente comum pelo Universo.
“Há muitas galáxias do tamanho da NGC 1600 em grupos de galáxias medianos. Estimamos que esses grupos menores são certa de 50 vezes mais abundantes que os grandes, imensos grupos de galáxias. Então a questão agora é: essa é a ponta do iceberg? Talvez haja muito mais buracos negros monstruosos por aí”, afirmou Chung-Pei Ma, cientista da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, e uma das autoras do estudo.
Para encontrar o novo buraco negro, os pesquisadores utilizaram o telescópio Hubble e o telescópio Gemini, no Havaí. Eles pretendem continuar as buscas com os instrumentos para verificar se descobrem em galáxias “comuns” como a NGC 1600 outros buracos negros supermassivos.