No centenário do arquiteto Vilanova Artigas, edifício está pichado. Proprietário teve autorização em 2010 para construir um restaurante.
A garagem de barcos do Santapaula Iate Clube, um dos ícones da arquitetura paulistana localizada na beira da Represa Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo, está pichada e com aspecto de abandonada. Um projeto aprovado em 2010 pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico de São Paulo (Conpresp) para transformar a área tombada em restaurante ainda não saiu do papel.
A construção é um dos principais trabalhos do arquiteto João Batista Vilanova Artigas, cujo centenário de nascimento é comemorado neste ano. A garagem integra um complexo do antigo Santapaula Iate Clube, inaugurado nos anos 60 e fechado nos anos 80. O complexo começou a ficar degradado. Hoje, há mato crescendo em volta da construção.
Se mantido o projeto aprovado em 2010, o clube vai virar um centro de convenções e um hotel, e a garagem de barcos, um restaurante. A reforma foi projetada pelo arquiteto Maurício Xavier, que afirma que o projeto está em fase de viabilização financeira.
Segundo Xavier, a ideia é esperar a conclusão da revisão do Plano Diretor da cidade para saber exatamente o que é possível construir na região.
Para Xavier, trata-se de uma “arquitetura fantástica pra época, uma arquitetura “tecnológica”. “Usa um material muito simples que é o concreto. É uma estrutura gigante, sobre apoios muito pequenos. É isso que impressiona quem vai lá”, afirmou o arquiteto. Ele lembra que o local costuma ser visitado por estudantes de arquitetura e engenharia.
Centenário
O arquiteto João Batista Vilanova Artigas nasceu no Paraná, em junho de 1915. É considerado o fundador da chamada Escola Paulista de Arquitetura. Uma das ideias era valorizar a estrutura bruta, com concreto aparente nas construções.
Artigas projetou também o estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, o prédio da Faculdade de Arquitetura da USP e o Edifício Louveira, em Higienópolis.
Professor e comunista, Artigas foi perseguido na ditadura. Só conseguiu voltar a lecionar em 1984, após prestar concurso. Morreu em 1985, aos 67 anos.