A Justiça Militar investiga 20 oficiais da Polícia Militar de São Paulo suspeitos de envolvimento num esquema de desvio de mais de R$ 7 milhões da corporação.
Segundo a denúncia do Ministério Público, durante seis anos, o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho, único investigado que está detido no presídio Romão Gomes, e um capitão da PM teriam desviado R$ 7.164.973,57.
O caso, segundo a acusação aceita pelo Tribunal de Justiça Militar, começou nos jardins do Comando Geral da PM, no bairro da Luz, Centro da capital.
Em 2006, o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho era chefe do departamento de suporte administrativo do Comando Geral e conheceu o dono de uma empresa que cuidava do lago.
De acordo com a investigação, para prestar o serviço no local, o sócio da Construworld Comércio de Material para Construção Limitada, teve que pagar mensalidades para o coronel que variavam entre R$ 1,5 mil a R$ 3,5 mil mensais.
Com o passar do tempo, a empresa teve dificuldades financeiras e a propina deixou de ser paga.
Assim, segundo a investigação, o tenente-coronel propôs comprar a empresa, sem que seu nome aparecesse no negócio, mantendo o antigo dono a frente dos contratos.
A apuração da Corregedoria mostra que a empresa venceu 207 concorrências para prestar serviços para a PM, como demolição de estruturas, retirada de entulho, reformas e construções.
No texto da denúncia, o promotor Adalberto Denser de Sá Junior diz que “tudo era fraude para o desvio de dinheiro. Isto porque não ocorria a prestação de serviços e o uso de materiais”.
A investigação também suspeita que outros oficiais da PM tenham participado do esquema, sendo autorizada pela Justiça Militar a abertura de mais 19 investigações.
Em agosto, a Justiça Militar determinou o cancelamento da patente e a aposentadoria que o tenente-coronel José Afonso Adriano Filho recebia.
A defesa do tenente-coronel afirma que não se manifesta sobre o caso e, nos telefones da Construworld ninguém atendeu.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a Corregedoria da Polícia Militar instaurou, em 2015, inquérito para investigar fraudes em licitações ocorridas na seção de finanças do Departamento de Suporte Administrativo da Polícia Militar.
O texto ainda esclarece que a Secretaria não compactua com qualquer desvio de conduta e ressalta que todas as denúncias são rigorosamente investigadas.