A decisão de atrair os pais às unidades de ensino foi fundamental na transformação do ambiente de centros educacionais do Paranoá e de Samambaia. Em lugar de drogas e agressões, educação de melhor qualidade. Samambaia: no Centro Educacional 123, os alunos têm até sala de cinema para complementar a formação.
O Centro de Ensino Fundamental 1 já foi conhecido como a Papudinha do Paranoá, uma referência à unidade prisional da cidade. “Aqui, tinha aluno vendendo droga, e a polícia pulando o muro para pegar bandido. Sem falar das brigas”, relata o diretor, João Braga. Na última reportagem da série “O bê-á-bá da violência”, o Correio conta como professores, alunos e comunidade atuam para resgatar um ambiente sadio dentro das instituições de ensino no Paranoá e em Samambaia.
No Paranoá, a rotina de violência intramuros está no passado. Visto pelo lado de fora, o paredão de concreto alto, pichado e com arame farpado em cima lembra o cenário de tantas outras instituições dominadas pelo medo. Mas do portão para dentro a sensação é outra. Alunos com autoestima elevada, engajados na melhoria da instituição e com planos de entrar na faculdade. “Quando eu gritava no pátio, vamos ser a melhor escola de Brasília, eu ouvia vaias. Agora, escuto vibração. Quando o primeiro aluno passou na UnB, virou notícia. Agora, temos muitos outros casos, não só na UnB, como em outras instituições”, cita Braga, orgulhoso.
Para promover a mudança, a direção atuou de duas formas. No primeiro momento, há cerca de 8 anos, com rigidez, e, agora, com o diálogo, que se tornou palavra de ordem. “Não só com os alunos, mas também com os pais e com a comunidade. Esse contato estreito com os moradores, muitos deles com filhos no colégio, tem feito a diferença”, relata João Braga. O tratamento dispensado aos familiares também mudou. “Aqui, os pais são recebidos com um sorriso no rosto. Eu trabalho para eles. Nós estamos aqui, para servi-los”, detalha o diretor.