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Pela primeira vez desde 2015, BC sobe juros e Selic vai a 2,75%

Em meio a incertezas sobre expansão da economia, com agravamento da pandemia, e riscos fiscais, Copom atua para controlar inflação. Taxa deve chegar a 4,5% no fim do ano

BRASÍLIA — Depois de seis anos sem subir os juros, o Banco Central (BC) voltou a subir a taxa básica Selic, de 2% para 2,75%. A decisão, que veio acima do aumento de 0,5 ponto percentual (p.p) esperado pelo mercado, foi tomada em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) encerrada nesta quarta-feira.

Com a mudança, a Selic sai do menor patamar histórico em que estava desde agosto do ano passado, considerada extraordinariamente estimulativa pela autoridade monetária. A decisão coloca o Brasil como um dos primeiros países do G-20 a subir juros, na contramão das principais economias do mundo.

Para a próxima reunião, que vai acontecer em maio, o BC sinalizou que fará um novo aumento de 0,75 p.p em uma tentativa de cumprir a meta de inflação deste ano e de 2022. Essa medida, ressalta o Copom, depende do cenário para a atividade econômica, o balanço de riscos e as projeções para a inflação.

Para a próxima reunião, que vai acontecer em maio, o BC sinalizou que fará um novo aumento de 0,75 p.p em uma tentativa de cumprir a meta de inflação deste ano e de 2022. Essa medida, ressalta o Copom, depende do cenário para a atividade econômica, o balanço de riscos e as projeções para a inflação.

“Na avaliação do Comitê, uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos. Além disso, o amplo conjunto de informações disponíveis para o Copom sugere que essa estratégia é compatível com o cumprimento da meta em 2022, mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social” — disse o Copom.

Na avaliação da economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitoria, o comunicado mostrou que o Banco Central está mais preocupado com o aumento das expectativas de inflação para este ano. De acordo com ela, a estratégia do BC deve funcionar e as expectativas vão parar de subir.

— Um grande fator foi esse, o Banco Central está mais incomodado com inflação tão mais alta que a meta, e foi tão rápido que ela saiu de próximo da meta para tão acima da meta entre a última reunião, que foi em janeiro, e agora, e ele decidiu fazer um ajuste um pouco mais forte nesse início de ciclo para ter certeza que essa inflação não vai se contaminar — explicou a economista.

A alta deve ser o primeiro passo de um processo que deve fazer com que a taxa chegue a 4,5% ao ano, de acordo com as projeções de analistas do mercado financeiro.

Inflação

A elevação de juros ocorre em meio a preocupações com a alta da inflação registrada nos últimos meses, que chegou a 5,20% no acumulado de 12 meses,  e das projeções para o restante do ano.

Na avaliação do Banco Central, essa alta recente da inflação no curto prazo foi “mais forte e persistente” do que o esperado, mas o diagnóstico, assim como nas reuniões anteriores do Copom, é de que ela é “temporária’.

“A continuidade da recente elevação no preço de commodities internacionais em moeda local tem afetado a inflação corrente e causou elevação adicional das projeções para os próximos meses, especialmente através de seus efeitos sobre os preços dos combustíveis” — diz o comunicado do Copom.

Nas últimas semanas, o mercado tem aumentado seguidamente suas expectativas para a inflação de 2021 por causa das incertezas fiscais e aumento dos preços da gasolina e de alimentos.

Nesta quarta, o Ministério da Economia elevou a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2,9% para 4,4%, principalmente por causa da pressão dos alimentos.

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