Um estudo de uma dupla de cientistas da Universidades do Texas, nos Estados Unidos, contatou a presença de expressivas camadas de gelo localizadas no pólo norte de Marte que poderiam ser um dos maiores reservatórios de água do planeta. A pesquisa, publicada na Geophysical Research Letters, foi liderada pelo astrônomo Stefano Nerozzi e contou com a participação do pesquisador norte-americano Jack Holt.
A equipe fez a descoberta usando medidas coletadas pelo Radar Shallow (SHARAD) a partir da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), equipamento da NASA lançado em 2015 e que tem o objetivo de encontrar pontos de água em Marte. O SHARAD emite ondas de radar que podem penetrar até 2,4 quilômetros abaixo da superfície marciana, e acabou encontrando várias camadas de areia e gelo a cerca de 1,6 km abaixo do pólo norte do planeta.
Essas camadas tinham 90% de água em alguns lugares, e acredita-se que sejam os remanescentes das antigas camadas de gelo polar. Caso essas camadas sejam derretidas, seria formado um oceano com profundidade de pelo menos 1,5 metro.
Os autores acreditam que as camadas se formaram quando o gelo se acumulou nos pólos durante as eras glaciais passadas em Marte. Cada vez que o planeta aquecia, um remanescente das calotas polares ficava coberto por areia, o que protegia o gelo da radiação solar e impedia que o material fosse para a atmosfera.
“Não esperávamos encontrar tanto gelo de água aqui”, afirma Nerozzi em um comunicado. “Isso provavelmente torna o terceiro maior reservatório de água em Marte depois das calotas polares.”
A presença de gelo na superfície de Marte é uma das características que mais desperta a curiosidade dos cientistas. O Planeta Vermelho contém esconderijos de água que poderiam nos dizer muito sobre sua história — além de ser fundamental caso os humanos decidam colonizar Marte do futuro.