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PIB do 1º trimestre é divulgado hoje com ‘onda de otimismo’; veja previsão

Com alta no consumo e commodities, economistas revisaram para cima a projeção do PIB no primeiro trimestre. Mas os próximos meses devem ser mais desafiadores

(Getty Images/Dado Galdieri/Bloomberg)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga às 9h desta quinta-feira, 2, o crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre. Os dados compreendem o período de janeiro a março.

O consenso do mercado é de crescimento perto de 1% na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período de 2021 (época em que o Brasil vivia um dos piores momentos da pandemia), a alta seria de quase 2%.

Algumas projeções apostam em crescimento abaixo dessa linha, mas ainda com número positivo, como Santander (0,9%), Citi (0,6%) e Goldman Sachs (0,5%). Já nomes como Bradesco (1,7%), BTG Pactual (1,5%) e Itaú Unibanco (1,3%) têm projeções maiores do que 1%.

A previsão varia a depender da casa, mas uma tendência é geral: as revisões para cima, que viraram rotina nas últimas semanas.

Os agentes apontam que a projeção de crescimento maior até março veio diante do aumento do preço das commodities no mercado internacional, que beneficia o Brasil pelo lado das exportações e câmbio, e reabertura da economia após o auge da covid-19.

Dados positivos de varejo, serviços, consumo e atividade econômica já divulgados embasaram essas projeções mais otimistas. Famílias têm voltado a consumir passado o pior da pandemia, e o desemprego vem caindo.

Assim, o PIB de serviços deve ser o grande destaque do trimestre, com alta estimada acima de 1% com a volta do consumo na rua e não só em bens como durante o auge da pandemia. O PIB da indústria deve ter crescimento modesto ou quase estagnado. Já o PIB do agro, que puxou a economia durante a pandemia, terá provável queda diante da quebra na safra de soja.

O primeiro trimestre, vale lembrar, também não foi totalmente impactado pela guerra na Ucrânia, que só começou em 24 de fevereiro.

Apesar das revisões para cima nos primeiros meses do ano, para os próximos trimestres, há mais incerteza e riscos.

O Brasil vive há meses ciclo de alta na taxa de juros e inflação persistente, cenário piorado pelas crises externas. A pressão inflacionária no mundo já existia com a retomada após o auge da covid-19, mas foi intensificada com a guerra e os impactos na oferta, sobretudo de combustíveis e alimentos.

Enquanto isso, a desaceleração da China, maior parceiro comercial do Brasil, é também um dos grandes vetores de preocupação. O país pode crescer menos do que o esperado em 2022, em meio aos gargalos com a política de “covid zero” e lockdowns rigorosos nos últimos meses em grandes cidades.

“A performance econômica do Brasil está altamente correlacionada à da China”, escreveram os analistas do banco suíço UBS em relatório nesta semana. O banco rebaixou a previsão de crescimento da China de 4,2% para 3%.

A projeção do UBS para o crescimento do PIB do Brasil no primeiro trimestre é de 1,0% (revisada em maio ante os 0,5% anteriores), mas com expectativa de desaceleração nos próximos períodos, terminando o ano em alta de 1,1%. O banco afirma que, “não fossem os riscos” previstos para o segundo semestre, a alta projetada para 2022 poderia ser entre 1,5 e 1,6%.

Entre a lista de incertezas está, por exemplo, o quanto o Brasil conseguirá sustentar o consumo e o crescimento nos próximos meses.

Embora o desemprego tenha chegado a 10,5% nos dados divulgados nesta semana pelo IBGE – a menor taxa desde 2015 -, a renda dos brasileiros segue ruim. O rendimento médio é hoje pior do que antes da pandemia, o que indica que as vagas criadas são de pior remuneração. A inflação não tem vindo necessariamente da clássica alta de salários e consumo, mas sobretudo de câmbio e commodities. Em meio a tudo isso, a chegada do período eleitoral traz nova leva de instabilidade.

Com o cenário externo sem ajudar, o ano para o Brasil deve ser desafiador – apesar do otimismo momentâneo nesta quinta-feira.

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