Resultado do PIB do primeiro trimestre, divulgado nesta quarta-feira, deve encerrar um ciclo de crescimento de mais de 10 anos
Um ciclo de mais de 10 anos de expansão da economia dos Estados Unidos deve ser encerrado pela crise do novo coronavírus. Nesta terça-feira, serão divulgados os números do Produto Interno Bruto do país para o primeiro trimestre, e as estimativas não são nada positivas.
Economistas ouvidos pelo jornal Wall Street Journal esperam que a economia americana registre uma retração 3,5% em relação ao mesmo período do ano passado, com algumas previsões chegando a -7%. Se os números se confirmarem, será o pior desempenho da economia americana desde o fim da crise financeira de 2008 e a primeira queda trimestral em seis anos.
Apesar do resultado ruim, os dados refletem apenas o início da crise econômica causada pela pandemia. Isso porque a maioria dos estados americanos só começou a implementar as medidas de quarentena e a obrigar o fechamento do comércio em meados de março, já no fim do primeiro trimestre. No fim do mês, o número de americanos que haviam entrado com um pedido de auxílio desemprego estava em 10 milhões. Agora já são mais de 26 milhões.
Com isso, o maior impacto econômico da crise só deve ser conhecido quando os dados do segundo trimestre forem divulgados este ano. Se os Estados Unidos registrarem dois trimestres consecutivos de queda do PIB, o país entrará em uma recessão técnica.
A queda no consumo das famílias americanas – que representa 70% da economia – deve ser a maior responsável pela redução do PIB no início de 2020. As vendas no varejo, que representam 25% dos gastos das famílias, tiveram uma queda de 8,7% em março em relação a fevereiro.
Outro fator que deve impactar a redução do PIB americano é a queda brusca de 6,7% nas exportações de bens em março. Foi o pior resultado mensal do comércio exterior americano desde a crise financeira de 2008. As importações também tiveram uma redução de 2,4%.
Os resultados do PIB, que serão divulgados às 9h30 da manhã (horário de Brasília), chegam num momento em que o número de novos casos e mortes pela covid-19 vem retrocedendo no país. Alguns estados americanos já começaram a reabrir parte do comércio e já planejam um retorno gradual das atividades a partir de maio. Entretanto, ainda é cedo para esperar uma volta à normalidade já no próximo mês, e os efeitos da paralisação ainda devem se prolongar.