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sexta-feira, 15/11/24
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PM usa spray de pimenta no Planalto para separar grupos pró e anti-Dilma

Lula toma posse como ministro-chefe da Casa Civil nesta quinta. Detran interditou via de acesso à Praça dos Três Poderes; 2 foram detidos.

Movimentos pró e contra a nomeação da presidente Dilma Rousseff se enfrentaram na manhã desta quinta-feira (17) em frente ao Palácio do Planalto, onde ocorre a cerimônia de posse do ex-presidente Lula no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Um representante de cada grupo ficou ferido. Ambos foram detidos pela Polícia Militar e levados para a 5ª Delegacia de Polícia (área central). A corporação usou spray de pimenta para separar envolvidos em confrontos.

O ato começou antes das 7h, com a chegada de representantes da CUT. O grupo levou faixas e bandeiras do PT. Por causa da manifestação, o Detran interditou a via S1 – de acesso à praça – na altura do Congresso Nacional. De acordo com o órgão, se necessário, o bloqueio também pode bloquear o trânsito no sentido Rodoviária do Plano Piloto.

Veículos da Tropa de Choque da Polícia Militar parados em frente ao Palácio do Planalto (Foto: Mateus Rodrigues/G1)

Motoristas que passavam pelo local buzinavam tanto em crítica quanto em apoio aos protestos. A Polícia Militar montou dois cordões de isolamento entre os manifestantes e o palácio. Além disso, havia carros da Tropa de Choque e duas grades metálicas.

De acordo com a corporação, 700 pessoas de ambos os lados participavam do protesto por volta de 10h. O grupo a favor do impeachment de Dilma recebeu a orientação de se manter próximo à área do Congresso Nacional para evitar novos confrontos – os manifestantes trocaram ofensas e xingamentos. Movimentos anti-PT levaram faixas de apoio ao juiz Sérgio Moro, que analisa processo da Operação Lava Jato.

Os deputados petistas Leo de Brito (AC), Sibá Machado (AC) e Paulo Pimenta (RS) compareceram à manifestação, mas voltaram para o Planalto depois de 20 minutos. “Viemos dar nosso apoio e estamos voltando, para acompanhar a posse do Lula”, disse Brito.

O professor Antônio Siqueira compareceu ao protesto com uma camiseta em homenagem ao juiz. “Estamos aqui por causa da roubalheira do PT e por colocarem o Lula [na Casa Civil], para ele fugir do Sérgio Moro.”

Lula toma posse no cargo às 10h desta quinta no Palácio do Planalto. A nomeação dele, oficializada nesta quarta, gerou protestos no DF e em 18 estados. Horas depois, o juiz Sérgio Moro divulgou escutas telefônicas do ex-presidente.

Os protestos aconteceram no Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além de Brasília.

Os atos foram pacíficos, com poucos incidentes isolados. Grande parte dos manifestantes vestiu verde e amarelo e levou cartazes contra Lula, o governo federal e o PT. Houve registros de ‘panelaços’ e ‘buzinaços’ em várias cidades do país.

Escutas
Em um desses telefonemas, Lula recebeu uma ligação da presidente Dilma na qual ela disse que enviará a ele o termo de posse para que ele só usasse “em caso de necessidade”.

Para a oposição, o diálogo derruba a versão da presidente de que Lula iria para o ministério com o objetivo de fortalecer o governo e ajudar na recomposição da base de apoio do Palácio do Planalto no Congresso. No entendimento de líderes oposicionistas, fica claro que Lula aceitou a nomeação a fim de ter foro privilegiado e passar a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não mais por Sérgio Moro.

Os advogados de Lula classificaram a divulgação da conversa de “arbitrariedade”. O governo, por meio de nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social, disse que o juiz violou a lei, além de fazer algo considerado pelo Planalto uma “afronta” aos direitos e garantias da Presidência da República e uma “flagrante violação da lei e da Constituição da República”.

Lula vinha sofrendo pressão por parte de aliados para que assumisse um cargo no governo. Interlocutores dele e do governo avaliavam que, com o andamento das investigações da operação Lava Jato, ele passaria a ter o chamado foro privilegiado, podendo ser investigado e julgado somente pelo Supremo Tribunal Federal.

Além disso, a avaliação de aliados era que, como ministro, Lula poderia atuar como um articulador político do Planalto, ajudando na interlocução com o Congresso Nacional, movimentos sociais e partidos, e na elaboração de propostas para o país superar a crise econômica. Essas pressões sobre ele se intensificaram nas últimas semanas, após a Polícia Federal deflagrar a 24ª fase da Operação Lava Jato, da qual Lula foi o alvo principal.

No último dia 4, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente, na sede do Instituo Lula e levou o petista a prestar depoimento. Além disso, o Ministério Público de São Paulo pediu a prisão preventiva de Lula por suspeita de que ele omitiu às autoridades ser o proprietário de um sítio em Atibaia (SP) e de um apartamento triplex em Guarujá (SP), o que a defesa também nega.

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