Acidente entre Palio e Classic, perto de Padre Bernardo, resulta na morte de dois adultos e três crianças. Uma das vítimas estava grávida de sete meses. Embriaguez ao volante, falta de cadeirinha infantil e ultrapassagem desatenta podem ter motivado tragédia
A Polícia Civil de Goiás investiga se a batida frontal entre dois carros na BR-080, que terminou com cinco mortos, resultou de um acidente ou de um crime de homicídio culposo (sem intenção de matar). A ocorrência, registrada na Central de Flagrantes de Águas Lindas (GO), será remetida à delegacia de Padre Bernardo (GO). O acidente entre um Palio e um Classic aconteceu na madrugada de ontem, na BR-080, na altura do Km 20, na região conhecida como Taboquinha. Para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), embriaguez ao volante, falta de cadeirinha para crianças e ultrapassagem desatenta podem ter motivado a batida.
O acidente destruiu duas famílias, ambas de Ceilândia. No Palio, o motorista Bruno dos Santos Silva, 31 anos, e a mulher, Renata Rocha dos Santos, 25, morreram na hora. Ela estava grávida de sete meses. Além deles, perderam a vida dois filhos do casal: Stefany Vitoria Rocha Silva, 3, e Mikael Rocha Silva, 5. A criança mais velha, de 7, sobreviveu. Ela está internada no Hospital de Base do DF com suspeita de ter quebrado as duas pernas.
No Classic, seguiam o condutor José Adriano Ribeiro Lemos, 36, e a companheira, Cristina Xavier do Nascimento, 40. No banco de trás, havia duas sobrinhas. Uma delas, Marina Gabriella de Oliveira Xavier, 9, não resistiu. A outra, identificada como Manoela Sofia Xavier, 5, foi lançada para fora do veículo e está internada no Hospital de Base do DF, assim como Cristina. Ontem à tarde, ela passava por cirurgia. José Adriano segue no Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
A família do Classic saía de uma festa na chácara do casal, em Taboquinha. Policial militar e amigo de José Adriano, Genésio Machado, 44, não acredita que ele tenha responsabilidade no acidente. “Ele dirige muito bem, até porque transporta estudantes como motorista de van escolar. Nunca colocava as pessoas que estavam com ele em risco. No acidente, ele não invadiu a pista contrária”, ressaltou. Professora da Escola Classe 511 de Samambaia, Cristina dá aulas de alfabetização para o 1º ano do ensino fundamental. “Todos na escola estão sabendo da notícia e orando para que ela se recupere o quanto antes”, ressaltou o professor Francisco das Chagas Viana, 40, amigo de Cristina.
Risco
Segundo a assessoria de Comunicação da PRF, o condutor do Palio trafegava em direção ao DF, quando fez uma ultrapassagem em local permitido. A corporação acrescentou que, de acordo com uma testemunha, o motorista estaria em um bar antes da batida. A equipe de socorro também constatou que o motorista do Classic aparentava sinais de ter bebido. “Nesse acidente, temos a embriaguez ao volante e o transporte de crianças sem o dispositivo de segurança, infrações que sempre ressaltamos nas saídas e retornos de feriados. Se elas estivessem em acento de elevação, o desfecho poderia ser outro”, ressaltou a chefe de Comunicação da PRF, Tatiane Kawamura.
Nas redes sociais, internautas ressaltaram que a BR-080 é perigosa, com pouco respeito ao limite de velocidade de 60km/h. Um comentário no Facebook aponta que o trecho do acidente é mal sinalizado, não tem acostamento e há muito movimento de carretas, que usam a rodovia para acessar a Belém—Brasília. “Por ali, tem muita imprudência, que, na minha opinião, é a maior causa de acidentes. Tem gente que quer andar a 200km/h, tem outros que querem andar a 30, 40km/h. Os que andam muito querem ultrapassar, os que andam pouco dificultam ultrapassar”, escreveu.
Tatiane Kawamura reconheceu que o ponto da batida dificulta a fiscalização, pois a responsabilidade pela região é o mesmo posto da PRF em Ceilândia. “Por isso, não é sempre que os policiais conseguem se deslocar até a BR-080”, alegou. Segundo ela, em relação à velocidade, só há como constatar por radar. “Tem um radar móvel no posto da BR-070, que os policiais têm a flexibilidade de levá-lo. Não há como fazer notificação por velocidade sem o aparelho”, disse. Sobre a ausência de acostamento, a chefe de Comunicação da corporação comentou que a solicitação precisa ser feita ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
» As vítimas
Renata Rocha Santos
Tinha 25 anos
Era casada com Bruno Silva
Estava grávida e tinha outros três filhos, de 3, 5 e 7 anos
Morava em Ceilândia
Bruno dos Santos Silva
Tinha 31 anos
Era casado com Renata Rocha
Tinha três filhos, de 3, 5 e 7 anos, e a mulher estava grávida
Era natural de Santa Rita, na Paraíba, e morava em Ceilândia
Stefany Vitoria Rocha Silva
Tinha 3 anos
Era filha de Renata e Bruno
Mikael Rocha Silva
Tinha 5 anos
Era filho de Renata e Bruno
Marina Gabriella de Oliveira Xavier
Tinha 9 anos
Filha de Diêgo Ródiney Paes de Oliveira e Andreia do
Nascimento Xavier.