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terça-feira, 24/12/24
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Prefeito de Barueri abre sindicância para apurar fraude na merenda

Gil Arantes foi citado por envolvimento em contratos fraudados. Segundo o prefeito, ele nunca se reuniu com diretor da Coaf.

O prefeito de Barueri, na Grande São Paulo, Gil Arantes (DEM), citado em delação por um dos investigados na fraude de merenda escolar em 22 cidades paulistas, afirmou que instaurou uma sindicância para apurar se funcionários da prefeitura estariam envolvidos no esquema. Ele nega que tenha envolvimento com contratos fraudados.

Em fevereiro de 2015, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou o afastamento imediato de Gil Arantes do cargo por crimes de responsabilidade e lavagem de dinheiro em outro esquema. Ele foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo 13 vezes por desvio de verba e 50 vezes por lavagem de dinheiro.

Ao ser preso em Bebedouro (interior de São Paulo), na última terça-feira (19), o investigado na fraude da merenda Adriano Gilberto Mauro afirmou que um contrato foi celebrado pelo então presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), Cássio Chebabi, e pelo vendedor Emerson Girardi, com o prefeito Gil sob acordo de que o chefe do Executivo ficaria com 30% do valor total.

“Não suspeito do envolvimento de outros funcionários da prefeitura, mas já acionei o jurídico para instaurar uma sindicância. Porém, não posso acusar. Estou tomando providências”, disse o prefeito.

Segundo Gil, ele nunca se reuniu com diretor da Coaf. “Eu soube pela imprensa que eu tinha sido citado nas delações do Adriano Moura e eu quero dizer que eu nunca me reuni com nenhum diretor da Coaf”.

O prefeito de Barueri explicou como foi o contrato da merenda escolar com a cooperativa. “Esse contrato foi feita uma licitação, todos aqueles que participaram da licitação foram habilitados a participar e a Coaf foi vencedora. O preço do suco de laranja, que é o mais discutido, foi R$ 1,23 e eu tenho certeza absoluta que é um preço de mercado e um preço justo, tanto que ele ganhou”, disse.

O prefeito também negou que a secretária de Finanças da sua gestão, Geanete Resende, também tenha se encontrado com Adriano. “É uma grande mentira! Ela também nega. Eu conheço ela e trabalha na Prefeitura há mais de 30 anos e nunca participou de nada e a honestidade dela está acima de qualquer suspeita”, afirmou Gil.

Esquema
O esquema começou a ser investigado há seis meses. Na terça-feira, seis suspeitos foram presos em Bebedouro: o presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, o ex-presidente Cássio Chebabi, o diretor Carlos Luciano Lopes e os funcionários Adriano Gilberto Mauro, Caio Pereira Chaves e César Bertholino. Após um acordo de delação, todos foram soltos.

Segundo o Ministério Público, os suspeitos relataram um esquema envolvendo pagamento de propina a funcionários públicos para que licitações destinadas à compra de merenda escolar fossem fraudadas em benefício da Coaf, com sede em Bebedouro.

O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo paulista, Luiz Roberto dos Santos, estão entre os citados como beneficiários na fraude.

Ainda de acordo com os interrogados, os valores de propina pagos chegavam a ser 25% do total dos contratos firmados e, em alguns casos, eram entregues em dinheiro. À Polícia Civil, Mauro afirmou, porém, que o acordo com o prefeito de Barueri era de repassar 30% do total.

“Tem conhecimento que esse contrato estava fraudado porque Cássio e Emerson se comprometeram a pagar 30% de seu valor ao citado prefeito, valor evidentemente impossível de ser saldado; Tem conhecimento também que esse acordo não teria sido cumprido, uma vez que o Prefeito não recebeu o dinheiro combinado, tanto que ele fechou as portas da Prefeitura para a Coaf”, consta no depoimento de Mauro.

Diante do impasse, o vendedor da Coaf afirmou ter participado de uma reunião no escritório de um homem citado como “Moacir”, localizado em Barueri, em que também esteve presente a secretária de Finanças da Prefeitura, Geanete Resende da Silva.

“Ficou combinado nessa reunião que a Coaf honraria com todas as comissões combinadas com a Prefeitura, caso as portas dela voltassem a se abrir para a Coaf; Ficou combinado que o novo edital sairia no início de 2016, mais ainda não saiu”, consta em outro trecho da delação.

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