“Quando conversei com a área técnica da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a preocupação era para que continuasse a diminuição (de velocidade nas vias) onde acontecem mais acidentes. A segunda (preocupação é) tentar fazer a saída das Marginais, já para ir criando uma espécie de rede de ‘zona 50′”, disse Tatto.
De acordo com o secretário, “fica por conta” da companhia o cronograma de reduzir a velocidade de 50 km/h. Ele ainda garantiu que o plano da Prefeitura é irreversível. “A decisão política foi tomada. O conceito e o critério é esse: a redução do número de acidentes.”
Alguns viários, no entanto, já tiveram a velocidade reduzida em 10 km/h. A Avenida Aricanduva, na zona leste, que dá acesso à Marginal do Tietê, teve a medida adotada no dia 3 deste mês. A via teve 13 mortes em 2014. O mesmo ocorreu com a Estrada de Itapecerica, na zona sul, que é interligada com a Marginal do Pinheiros. Lá, 22 pessoas morreram ao longo de 2014.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que tenta barrar na Justiça a redução de velocidade nas Marginais, ainda avalia se vai entrar com alguma medida judicial contra a Prefeitura pela padronização da velocidade. Já o Ministério Público Estadual (MPE) vai decidir até quinta-feira, 13, se abre algum tipo de investigação para apurar a medida no restante da cidade.
Proporção
Para especialistas na área de transporte, a proporção de mortes nos 41 locais é menor do que a quantidade de feridos porque se trata de vias arteriais com semáforos, curvas, canteiros centrais e outros obstáculos nos viários que tornam os acidentes menos fatais. “Existe uma série de fatores como geometria da via e volume de tráfego”, explicou o consultor de Transportes Marcos Bicalho. Mas ele acha “um exagero” os limites de 50 km/h nas vias arteriais da cidade, mesmo admitindo que a medida pode amenizar a quantidade de mortos e feridos.
“Certamente, se manter essa medida, fazer valer, vai ter resultado. Mas o consumo de bebida alcoólica também causa tantos acidentes quanto a velocidade”, afirmou Bicalho.
Para o chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Júnior, a proporção menor de mortos não quer dizer que as vias não precisem ter uma velocidade de 50 km/h. “A gravidade das lesões nos acidentes vai ser outra. A velocidade é o primeiro fator para desencadear as tragédias no trânsito”, disse o especialista. Ainda, segundo ele, mesmo os motoristas que transgredirem os novos limites “vão desrespeitar, mas em uma velocidade menor do que antes.”
Para ele, a padronização no restante da cidade “é saudável” para a segurança dos motoristas e pedestres, sem prejudicar o trânsito. “O que causa os congestionamentos é o excesso de veículos e não a velocidade máxima que se pode trafegar.”