Moeda terminou em alta de 1,93%, a R$ 3,87, um dia após notícias de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, teria ameaçado deixar o governo
O dólar fechou em alta de 1,93% nesta sexta-feira, a 3,87 reais, um dia após notícias de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, teria ameaçado deixar o governo se a meta de superávit primário de 2016 for zerada pelo Congresso. O mercado também refletiu o ambiente de aversão a risco nos mercados externos devido a preocupações com a China. Na semana, a moeda americana acumulou alta de 3,61%, a maior desde o início de setembro.
“Além de acompanhar o exterior, a contínua deterioração do cenário político ainda pesa nas mesas”, escreveu Guilherme França Esquelbek, operador da corretora Correparti, em nota a clientes. Investidores em todo o mundo evitaram ativos de maior risco nesta sessão após a queda do yuan chinês à mínima em quatro anos e meio reforçar preocupações com a desaceleração da segunda maior economia do mundo. O dólar atingiu a máxima histórica em relação ao peso mexicano.
No Brasil, o quadro de preocupações foi intensificado por supostas declarações de Levy, cuja campanha pela austeridade fiscal agrada aos mercados. Operadores já dão como certo que ele não continuará no governo por muito tempo, mas a notícia levou alguns a apostarem que isso pode acontecer mais cedo do que esperavam.
Levy admitiu que poderia deixar o governo caso a meta de superávit primário para 2016, equivalente a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), seja zerada em votação pelo Congresso. A declaração teria sido feita em conversa com representantes da Comissão Mista de Orçamento na noite de quarta-feira.
Mais tarde, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a meta fiscal ainda está em discussão e que pode haver posições diferentes sobre o tema. “Acho que ele (Levy) não dura até o Carnaval”, disse o operador de uma corretora nacional, sob condição de anonimato.
Os investidores também estão atentos à aguardada reunião do Federal Reserve na próxima semana. Nela, o banco central americano deve elevar os juros pela primeira vez em cerca de uma década, o que tende a atrair para os Estados Unidos recursos hoje aplicados no Brasil.