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Procurador que reclamou do salário ganhou mais de R$ 4 milhões em 5 anos

Entre agosto de 2014 e julho de 2019, segundo o Portal da Transparência do MPMG, Leonardo Azeredo dos Santos custou para o contribuinte R$ 4.173.614,58, sem levar em conta benefícios como vale-alimentação e auxílio saúde

Sede do MPMG, em Belo Horizonte, onde Santos ganha mais de R$ 23 mil de salário líquido
(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press – 25/11/04)
Queixoso por receber o “miserê” de R$ 24 mil por mês, o procurador de Justiça de Minas Gerais Leonardo Azeredo dos Santos custou R$ 4,1 milhões ao contribuinte nos últimos cinco anos. Isso sem contar benefícios como o auxílio-alimentação e plano de saúde.
O levantamento tem como base os dados do Portal da Transparência do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Somando-se salário, indenizações e “remunerações retroativas ou temporárias” — que incluem valores garantidos por conquistas na carreira ou decisões judiciais —, chega-se à cifra de R$ 4.173.614,58 gastos pelo MP exclusivamente com o procurador.
A soma considera somente o período entre agosto de 2014 e julho de 2019, menos de um quinto da trajetória do procurador no MPMG. Ele ainda tem direito, todo mês, a auxílio alimentação no valor atual de R$ 1.100 e de saúde, de aproximadamente R$ 1990.

“Vamos ficar nesse miserê?”

Azeredo dos Santos está há 28 anos no órgão público, onde ingressou em 1991 como promotor de Justiça. Em 2010, ele passou a procurador, segundo cargo mais alto na hierarquia da instituição. Na segunda-feira, Azeredo dos Santos ficou famoso por reclamar do salário ao procurador-geral de Justiça de Minas Gerais, Antônio Sérgio Tonet, em áudio divulgado no site do Ministério Público, dizendo que teve que baixar “seu estilo de vida” para sobreviver.
“Quero saber se nós, no ano que vem, vamos continuar nessa situação ou se Vossa Excelência já planeja alguma coisa, dentro da sua criatividade, para melhorar nossa situação? Ou se vamos ficar nesse miserê?”, cobrou. Ele disse ainda que precisou diminuir de R$ 20 mil para R$ 8 mil os gastos com o cartão de crédito e que está vivendo à base de antidepressivos. “Quem é que vai querer ser promotor, se não vamos ter aumento, ninguém vai querer fazer concurso nenhum”, completou.
Embora peça aumento, o salário bruto do procurador aumentou 16% em relação ao ano passado, saltando de R$ 30.471,11 para R$ 35.462,22. E, apesar de reclamar do “miserê”, o MP já desembolsou, de janeiro a julho deste ano, mais de meio milhão de reais para pagar o salário do procurador, uma bolada de R$ 562.789,14, cerca de R$ 80,3 mil em média, mais de três vezes os R$ 24 mil mensais. Desse valor, foi descontada a contribuição previdenciária, de R$ 3.900,84, além do Imposto de Renda, em geral, de R$ 7.757,88.
No período de cinco anos, o procurador embolsou muito mais do que o salário, pois recebeu indenizações e remunerações temporárias ou retroativas. Com isso, em janeiro deste ano, por exemplo, ele custou ao Estado R$ 99.474,02. Em dezembro de 2015, o custo do MP de Azeredo com o salário do procurador foi R$ 145.670,65. Com os descontos, o servidor colocou no bolso o total de R$ 132.988,26. Também pode contar com gratificações extras. Em junho, ele ganhou gratificação natalina no valor de R$ 17.731,11.

Mais de R$ 23 mil líquidos

Todo mês, o Estado desembolsa R$ 35.462,22 para pagar um procurador, que, depois dos descontos de previdência e Imposto de Renda, recebe R$ 23.751,36. Um promotor em início de carreira já entra na instituição recebendo remuneração de R$ 30.404,42, sendo R$ 20.487,81 após descontos. Diferentemente de servidores do Executivo, o MP não sofre com parcelamento e atrasos de salários.
Na prática, o valor é maior já que eles ainda contam com auxílio-alimentação de R$ 1.100, reajustado em 24% em maio (antes era R$ 884) e o auxílio-saúde, que tem caráter indenizatório e é pago no valor equivalente a 10% do subsídio. Azeredo dos Santos, por exemplo, tem recebido, em média, R$ 1.990 de reembolso referente ao plano de saúde.
O MP informou que o procurador não falará sobre o assunto. A instituição reitera que “não há nenhum projeto em andamento sobre a adoção de benefícios pecuniários para a carreira de membros (procuradores e promotores de Justiça) ou de servidores, em vista da grave crise financeira vivenciada pelo estado e da necessidade de observação da Lei de Responsabilidade Fiscal”.

O tamanho do “miserê”

Confira os valores pagos ao procurador Leonardo Azeredo dos Santos com salário,
indenizações e “remunerações retroativas ou temporárias”, num total de R$ 4.173.614,58
2019
R$ 562.789,14
2018
R$ 885.394,93
2017
R$ 854.073,03
2016
R$ 761.902,53
2015
R$ 764.663,78
2014
R$ 344.791.17
De agosto a dezembro

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