Com onda de prejuízos, produtores discutem programa de certificação para empresas
Londres – Os produtores de café estão buscando reuniões urgentes com grandes clientes como a Nestlé, Jacobs Douwe Egberts e a Starbucks para encontrar maneiras de apoiar os preços que caíram para mínimas de 12 anos.
O Fórum Mundial de Produtores de Café, cujos membros respondem por cerca de 85 por cento da produção global, realizou uma conferência de imprensa nesta segunda-feira após uma reunião para discutir a crise de preços.
“Hoje é um momento de desespero para os 25 milhões de cafeicultores do mundo. É uma crise além da imaginação”, disse Roberto Velez, diretor-executivo da Federação Colombiana de Cafeicultores.
“Precisamos que a indústria e os consumidores percebam que esta é uma situação que não pode ser mantida se quisermos que a indústria do café sobreviva”, acrescentou.
Os futuros de café arábica caíram para 98,65 centavos de dólar por libra-peso em 4 de setembro, o menor nível para o segundo contrato desde julho de 2006. Eles continuam pairando em torno desse nível, caindo para 98,90 centavos na segunda-feira.
O mercado foi deprimido por uma safra recorde no Brasil neste ano, enquanto os especuladores também fizeram uma grande aposta no mercado futuro de café arábica, na bolsa de Nova York, aumentando a pressão de queda nos preços.
Rene Leon Gomez, secretário-executivo da Promecafe, que representa produtores na América Central e no Caribe, disse que eles estavam procurando estabelecer um diálogo com os líderes da indústria em todo o mundo e também fazer uma campanha para conscientizar o consumidor sobre a crise.
“Eu diria que milhões de produtores da região estão desesperados agora”, disse ele. “Muitas fazendas estão sendo abandonadas, as condições sociais se deterioraram.”
Entre os esquemas que estão sendo discutidos pelos produtores está um programa de certificação positivo para empresas dispostas a oferecer preços altos o suficiente para permitir que os agricultores ganhem a vida.
Muitos agricultores estão atualmente produzindo com prejuízo.
“Nosso povo está morrendo de fome. O preço (que os compradores) estão pagando pelo café hoje é menor do que o preço que estavam pagando 30 anos atrás”, disse Ricardo Arenas Mendes, presidente da Anacafe, um grupo de produtores sediado na Guatemala.
A queda nos preços do café também pode estimular a produção de coca, a cultura usada na produção de cocaína, disseram os produtores.
Velez, da Federação Colombiana de Cafeicultores, disse que a produção de coca na Colômbia está em alta.
“Você encontrará em alguns lugares os cafeicultores cultivando café e coca”, disse ele.
Muitos produtores de café estão em Londres esta semana para participar de uma reunião semestral da Organização Internacional do Café, um órgão intergovernamental.