Legenda afirma que o presidente da República e o ministro da Justiça podem ter cometido crime de responsabilidade ao supostamente “se apropriar” de gravações de áudio relacionadas a morte da ex-vereadora Marielle Franco
O Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou, nesta segunda-feira (4/11), no Supremo Tribunal Federal (STF), uma notícia-crime contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça, Sérgio Moro e o vereador Carlos Bolsonaro, no âmbito das investigações sobre a morte da ex-vereadora Marielle Franco.
Na ação, o PT afirma que Jair e Carlos Bolsonaro podem ter alterado as gravações dos quais teriam tido acesso na portaria do Condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro. Um porteiro do residencial afirmou que o ex-PM Élcio de Queiroz, suspeito pela morte de Marielle, foi até o local em março deste ano, horas antes da vereadora ser assassinada. Ao se identificar na guarita, Élcio teria dito que iria para a casa de Jair Bolsonaro, mas ao entrar se dirigiu a residência de Ronnie Lessa, outro suspeito do homicídio.
O porteiro afirma que a entrada de Élcio foi autorizada pelo “Seu Jair”. No entanto, o presidente da República estava em Brasília no dia do crime. Carlos publicou, no Twitter, um vídeo com o que seriam as gravações de áudio na portaria do condomínio. Na gravação, Lessa é quem autoriza a entrada de Élcio, e não Bolsonaro.
O presidente, por sua vez, afirmou que teve acesso as gravações, no sábado (02). “Nós pegamos, antes que fosse adulterado, ou alguém tentasse adulterar. Pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica. Tudo que é guardado a mais de ano. A voz não é a minha, não é o seu Jair”, disse o chefe no Executivo.
No entanto, na noite de domingo (03), após o jogo entre Itália e Paraguai pela Copa do Mundo Sub-17 no Estádio Bezerrão, no Gama, região administrativa do Distrito Federal, o presidente apresentou uma versão diferente, e disse que não pegou cópias ou os arquivos originais das gravações. “O que eu fiz foi filmar a secretária eletrônica com a respectiva voz de quem atendeu o telefone. Só isso, mais nada. Não peguei, não fiz backup, não fiz nada. E a memória da secretária eletrônica está com a Polícia Civil há muito tempo. Ninguém quer adulterar nada, não. O caso Marielle, eu quero resolver também. Mas querer botar no meu colo é, no mínimo, má-fé e falta de caráter”, disse o presidente.
O PT pede, na ação apresentada no Supremo, que o presidente e o filho Carlos Bolsonaro sejam alvos de busca e apreensão, com a finalidade de encontrar os arquivos supostamente apropriado pelos dois, a fim da realização de perícia para comprovar eventual alteração no conteúdo.
O partido afirma que pode ter ocorrido crime de responsabilidade por parte de Jair Bolsonaro e de Moro, e de improbidade administrativa por Carlos Bolsonaro e Sérgio Moro.