22.5 C
Brasília
terça-feira, 24/12/24
HomeMundoPutin exalta vacina, Macron fala em 'nova realidade' com vírus, e Rohani...

Putin exalta vacina, Macron fala em ‘nova realidade’ com vírus, e Rohani cita violência nos EUA; veja destaques dos discursos na ONU

Primeiro dia de debates de líderes mundiais na Assembleia Geral das Nações Unidas teve a pandemia do novo coronavírus e a crise entre potências globais como temas.

Auditório da ONU para Assembleia Geral — Foto: GloboNews/Reprodução

Começaram nesta terça-feira (22) os debates dos chefes de estado e governo na Assembleia Geral das Nações Unidas, evento que marca os 75 anos da ONU. Em discursos transmitidos ou pré-gravados de cada país por causa da pandemia do novo coronavírus, os líderes comentaram os esforços para debelar a Covid-19 e trocaram críticas sobre sanções, armamentos químicos e nucleares e ações militares.

Como ocorre tradicionalmente, o Brasil abriu os debates, com o discurso do presidente Jair Bolsonaro. Na declaração, também gravada, o brasileiro disse que o Brasil é ‘vítima’ de ‘brutal campanha de desinformação’ sobre Amazônia e Pantanal (veja a íntegra do discurso AQUI).

Em seguida, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teceu duras críticas à ação da China e da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a condução da crise sanitária. O presidente chinês, Xi Jinping, que discursou logo depois, condenou o que chamou de “politização da pandemia” e disse que não quer “guerra quente ou fria” com nenhum país.

Lideranças de outros países considerados chave no jogo geopolítico mundial, como Rússia, Irã e França, também discursaram nesta tarde. Veja mais detalhes abaixo.

Putin oferece vacina a funcionários da ONU

Vladimir Putin, presidente dos EUA, durante discurso gravado para a Assembleia Geral da ONU nesta terça (22) — Foto: UNTV via AP

Vladimir Putin, presidente dos EUA, durante discurso gravado para a Assembleia Geral da ONU nesta terça (22) — Foto: UNTV via AP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, exaltou a Sputnik V como a “primeira vacina registrada” contra a Covid-19 no mundo — embora o projeto tenha recebido críticas pela falta de transparência na publicação dos dados das pesquisas e pela velocidade do resultado considerada incompatível.

“Nós estamos prontos para compartilhar nossa experiência e a continuar interagindo com todos os países e estruturas internacionais, incluindo preocupações com o fornecimento a outros países da vacina russa — que provou sua confiabilidade, segurança e eficiência”, disse.

Putin ainda ofereceu vacinar, sem custos, os funcionários das Nações Unidas e de departamentos filiados à organização. “Pedidos como esse de colegas vieram da ONU até nós, e não ficaremos indiferentes a eles”, afirmou o presidente russo.

Funcionário mostra frascos com potencial vacina russa contra Covid-19 perto de Moscou — Foto: Andrey Rudakov/Divulgação via REUTERS
Funcionário mostra frascos com potencial vacina russa contra Covid-19 perto de Moscou — Foto: Andrey Rudakov/Divulgação via REUTERS

No discurso, o chefe do Kremlin pediu também que “sanções ilegítimas” fossem retiradas para permitir a recuperação econômica global após as crises geradas pela pandemia — ele não mencionou quais sanções seriam essas. Para Putin, será preciso construir “corredores verdes” para passagem de insumos entre os países.

“Eu gostaria mais uma vez de chamar atenção à proposta de introduzir os chamados corredores verdes livres de guerras comerciais e sanções, especialmente para produtos essenciais, alimentos, medicamentos, equipamentos de proteção aos profissionais para a luta contra a pandemia.”

Rohani sobe o tom com os EUA

Hassan Rohani, presidente do Irã, discursa em vídeo pré-gravado para a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (22) — Foto: UNTV via AP
Hassan Rohani, presidente do Irã, discursa em vídeo pré-gravado para a Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (22) — Foto: UNTV via AP

Em discurso politicamente duro, o presidente do Irã, Hassan Rohani, criticou em vários momentos a política interna e externa dos Estados Unidos, principal inimigo de Teerã. O iraniano inclusive mencionou indiretamente a morte de George Floyd durante ação policial em maio.

“As imagens transmitidas ao mundo sobre o tratamento dado a um afro-americano pela polícia dos EUA são um remanescente de nossa própria experiência”, disse Rohani, sem dizer o nome do americano morto em Minnesota após ter o pescoço prensado pelos joelhos de um policial.

“Nós instantaneamente reconhecemos os pés sobre o pescoço como os pés da arrogância sobre os pescoços das nações independentes”, acrescentou.

Iranianos destroem uma bandeira americana durante protesto em Teerã no dia 3 de janeiro pela morte do general Qassem Soleimani. — Foto: Atta Kenare / AFP
Iranianos destroem uma bandeira americana durante protesto em Teerã no dia 3 de janeiro pela morte do general Qassem Soleimani. — Foto: Atta Kenare / AFP

No primeiro discurso na Assembleia Geral após a morte do general Qassem Soleimani em ação coordenada pelos EUA em janeiro, Rohani se referiu ao militar morto como “herói assassinado” e “líder da luta contra o extremismo violento no Oriente Médio que lutou para proteger os cidadãos da região contra reacionários medievais”.

“Os Estados Unidos não podem impor nem negociações nem guerras a nós. A vida é dura com as sanções, mas é mais dura ainda sem independência”, disse o presidente do Irã.

Rohani disse também que o Irã “não é um pedaço para barganha nas eleições dos Estados Unidos” e alertou:

“Qualquer que seja o governo dos EUA depois das próximas eleições não terá outra escolha senão se render à resiliência da nação iraniana”.

Macron cita ‘nova realidade’ da Covid-19

Emmanuel Macron, presidente da França, durante pronunciamento enviado à Assembleia Geral da ONU nesta terça (22) — Foto: UNTV via AP
Emmanuel Macron, presidente da França, durante pronunciamento enviado à Assembleia Geral da ONU nesta terça (22) — Foto: UNTV via AP

Em longo pronunciamento, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que acredita em um remédio contra a pandemia da Covid-19. Entretanto, ele disse que, durante a espera “que ninguém sabe quanto vai durar”, o mundo deverá viver em uma “nova realidade”.

“Esta nova realidade é clara, brutal, certamente vertiginosa, e nós a devemos observar sem nos deixar cair em desespero ou no desencorajamento, mas com lucidez”, discursou o francês.

Assim, Macron alertou sobre as “fraturas nos meios de ação coletiva” do planeta durante a pandemia da Covid-19 e insistiu na confiança nas instituições nacionais e mundiais durante a crise sanitária.

“As entidades de confiança científica e jornalistas, tão essenciais para compreender e agir com eficácia diante da crise, foram questionados por propaganda de Estados e pela epidemia da desinformação”, disse Macron.

O presidente da França, Emmanuel Macron, durante teleconferência com outros líderes mundiais sobre a situação no Líbano — Foto: Christophe Simon/Pool via Reuters
O presidente da França, Emmanuel Macron, durante teleconferência com outros líderes mundiais sobre a situação no Líbano — Foto: Christophe Simon/Pool via Reuters

O presidente francês também afirmou, em tom semelhante a discursos anteriores, que o mundo deve lutar contra as mudanças climáticas e cobrou ação dos países. “Proteger nossos bens comuns não é contraditório com o exercício de nossa soberania”, disse Macron.

“Os oceanos, os polos, as florestas tropicais pertencem ao patrimônio comum da humanidade”, enumerou o presidente da França.

No fim, Macron pressionou pela desnuclearização da Coreia do Norte “em apoio aos esforços concentrados pelos Estados Unidos” e disse que “não aceita as violações cometidas pelo Irã” ao acordo nuclear — do qual os EUA se retiraram, algo que o governo francês foi e ainda é contra.

“A França, com seus aliados alemães e britânicos, manterá sua demanda pela implementação total e plena do acordo de Viena de 2015” sobre o dossiê nuclear iraniano, declarou Macron.

O presidente da França também criticou a Rússia pelo envenenamento de Alexei Navalny, principal opositor de Putin. “Da mesma maneira, nós não toleraremos que armas químicas sejam usadas na Europa, na Rússia ou na Síria”, disse.

Mais acessados