Entre o fim de março e abril foram entregues 127,5 mil comprimidos a dois municípios do interior de São Paulo. Na CPI da Covid, ministro da Saúde negou remessas
Na direção oposta do que afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à CPI da Covid na semana passada, a atual gestão da pasta seguiu distribuindo para a rede pública hidroxicloroquina como política de combate ao coronavírus — o remédio é ineficaz para tratar a doença. Entre o fim de março e abril, após a posse de Queiroga, foram entregues 127,5 mil comprimidos a dois municípios do interior de São Paulo.
Questionado por senadores, o ministro disse que não havia autorizado e que desconhecia remessas recentes dos medicamentos — ele deverá ser convocado novamente para dar mais explicações. A ineficácia do remédio foi reiterada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março.
Segundo a plataforma Localiza SUS, atualizada pelo Ministério da Saúde, a pasta enviou 27,7 mil comprimidos a Limeira (SP) no dia 30 de março, uma semana após a posse de Queiroga. No dia 27 de abril, foram enviadas 100 mil cápsulas para Presidente Prudente (SP). O medicamento, uma versão da cloroquina, está no rol de substâncias citadas pelo presidente Jair Bolsonaro no que chama de “tratamento precoce” da Covid-19, que já foi desaconselhado por especialistas.
Desde o ano passado, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) diz que estudos randomizados não apontaram benefício desses medicamentos e, em alguns casos, constataram “efeitos colaterais”. Em março, a OMS alertou que a hidroxicloroquina aumenta o risco de efeitos adversos em caso de infecção decorrente do coronavírus.