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sexta-feira, 15/11/24
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Redução de estômago já pode ser usada para tratar diabetes

O procedimento é indicado para o tratamento do tipo 2 da doença, quando o paciente não responder a intervenções clínicas prévias

 

 

O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou na quinta-feira a cirurgia metabólica, também conhecida como cirurgia bariátrica ou de redução de estômago, para o tratamento do diabetes tipo 2 (DM2). De acordo com a Resolução nº 2.172/2017, são elegíveis à intervenção pacientes com índice de massa corpórea (IMC) entre 30 kg/m2 e 34,9 kg/m2 (o que inclui pessoas com sobrepeso e obesidade grau I), que não tenham conseguido controlar à doença com medicamentos. O texto entrará em vigor após ser publicado no Diário Oficial da União.

Até a publicação dessa resolução, o procedimento era realizado no país apenas em caráter experimental ou em pacientes com IMC mínimo de 35 (o que configura obesidade moderada) e doenças associadas. A mudança definida pelo CFM segue padrões já adotados em outros países da Europa e nos Estados Unidos e tem como objetivo o controle do diabetes.

O diabetes tipo 2 ocorre quando o organismo de uma pessoa torna-se resistente à insulina, o hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. O excesso de peso é um fator de risco importante para a doença. Em geral, a doença é controlada por meio da aplicação de injeções de insulina e de outros medicamentos. Mas, nos últimos anos, diversas linhas de pesquisa têm analisado o papel da cirurgia bariátrica ou metabólica, popularmente conhecida como redução de estômago, para o controle eficaz da doença em longo prazo.

Critérios para a cirurgia

Além do IMC e do tratamento prévio, os pacientes poderão ser elegíveis ao procedimento se apresentarem: idade mínima de 30 anos e máxima de 70 anos; diagnóstico definido de diabetes tipo 2 a pelo menos de 10 anos e não possuir contraindicações para o procedimento cirúrgico.

Tecnica

O conselho determina que a técnica cirúrgica aplicada em pacientes com diabetes seja a derivação gastrojejunal em Y-de-Roux (DGJYR). Em casos de contraindicação, a opção disponível é a gastrectomia vertical (GV). Nenhuma outra técnica cirúrgica é reconhecida para o tratamento desses pacientes.

A intervenção só poderá ser realizada em hospitais de grande porte que realizem cirurgias de alta complexidade, com plantonista hospitalar 24h, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de equipes multidisciplinares e multiprofissionais experientes no tratamento de diabetes e cirurgia gastrointestinal.

Reconhecimento

Diversos estudos já mostraram que a cirurgia metabólica é segura e eficaz no tratamento do diabetes, com resultados positivos de curto, médio e longo prazos. Alguns benefícios da intervenção, além do controle da doença, são a redução do risco cardiovascular e perda de peso significativa e sustentada a longo prazo.

Desde 2011, entidades médicas de todo o mundo vem introduzindo a cirurgia metabólica no tratamento de diabetes tipo 2. Em 2016, 49 associações  de diferentes países revisaram as recomendações para o tratamento da doença e reconheceram o procedimento como opção eficaz e segura de terapia para o controle glicêmico em pacientes que não respondem aos medicamentos. No Brasil, a decisão do CFM busca reduzir as taxas de morbimortalidade por meio do controle da doença.

Epidemia

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de adultos com diabetes tipo 2 quadruplicou nas últimas quatro décadas, passando de 108 milhões de pessoas em 1980 para 422 milhões atualmente. No Brasil, a porcentagem de pessoas com a doença passou de 5% para 8,1% no mesmo período. Em 2014, foram 71.700 mortes causadas no país pela doença.

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