Enquanto a ajuda prometida pelo governo não chega à economia real, os trabalhadores das micro e pequenas empresas já sentem o impacto da recessão econômica
O setor de serviços já sente os impactos da crise econômica causada pelo novo coronavírus no Distrito Federal. Segundo informações do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar), desde o início da quarentena foram dispensados mais de 3 mil empregados, incluindo aqueles que estavam em contrato de experiência. A estimativa é de que as dispensas se intensifiquem, chegando a aproximadamente 11 mil demissões até 5 de abril, data prevista para o término da paralisação, que pode ser prorrogada.
Enquanto a ajuda prometida pelo governo não chega à economia real, os trabalhadores das micro e pequenas empresas já sentem o impacto da recessão econômica. “Precisamos de alento, perceber que o governo local está preocupado. Até o momento, tivemos decisões em nível federal, do fundo de garantia. Já nos antecipamos na nossa convenção coletiva de trabalho, assinada em conjunto com o sindicato dos empregados. Previmos a antecipação das férias, possibilidade de colocar em férias sem a necessidade de aviso prévio, parcelamento”, disse o presidente do Sindhobar, Jael Antônio da Silva.
Os empresários cobram uma medida provisória e consideram que os recursos anunciados não são suficientes para impedir o segmento de afundar. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Beto Pinheiro, se o quadro se estender até o final de abril, cerca de 50% dos 110 mil empregos diretos podem ser dizimados. “Estamos pleiteando junto ao GDF uma moratória para o adiamento de impostos, pedindo de quatro a seis meses para quitar essas obrigações até que os empregos e a economia voltem a girar. Seria um caos social essa quantidade de desempregados. Mesmo se não ajudarem, essa conta chegará para o governo de qualquer jeito, seja com seguro desemprego ou saques do FGTS”, afirmou.
Crédito de R$ 1 bi
O Banco de Brasília (BRB) anunciou a liberação de até R$ 1 bilhão em crédito orientado para empresas, de todos os portes, afetadas pelos impactos econômicos do coronavírus. Para o sindicato, a medida não é suficiente, já que 90% são micro e pequenas empresas, grande parte concentrada nas regiões administrativas, e não teriam condições de assumir o compromisso. “Essa medida já é um feito, mas precisamos saber também a capacidade desse pequeno empresário em pegar esse dinheiro, se estão negativados, se todos estão bem comprometidos. Estamos buscando empréstimo subsidiado a custo zero, não adianta só suspender a questão da oratória, mas como sobreviver sem receber nada, precisamos de um empréstimo para que volte a normalidade”, afirmou o presidente do Sindhobar.
Mesmo considerando o isolamento importante, os empresários temem a catástrofe em cadeia. “Acredito que o GDF acertou em antecipar [medidas de prevenção] e temos a expectativa de que, após o prazo do fim do decreto da quarentena, o comércio seja liberado a funcionar aos poucos. O setor não tem condições de manter essas despesas como aluguel, imposto, e até mesmo o próprio salário dos empregados, sem estar funcionando. Já trabalhamos com uma margem muito apertada, vendendo com recebíveis e girando para o pagamento. Um mês parado é um desastre”, pontuou o presidente da Abrasel.