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Sociedade Brasileira de Reumatologia quer mais mulheres na ciência

Estudo vai avaliar disparidades na equidade de gênero com foco na presença feminina em oportunidades científicas e de liderança na saúde

Atualmente 57% dos sócios da SBR são mulheres, mas elas representam somente 30% nos cargos de liderança (Divulgação/Divulgação)

Em um projeto inédito sobre equidade de gêneros, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) quer reduzir as diferenças entre homens e mulheres nas oportunidades em reumatologia. O projeto “Reuma Equity” traz, a partir de resultados, uma força tarefa para desenvolver estratégias de intervenção.

O Reuma Equity surgiu da parceria da SBR, em uma iniciativa do presidente Ricardo Xavier, com a AWIR (Associação de Mulheres na Reumatologia) liderada pela Grace Wright, de Nova York, e com o programa do Eular, liderado pela Laura Coates, de Oxford, que desenvolvem projetos semelhantes nos Estados Unidos e na Europa.

Atualmente 57% dos sócios da SBR são mulheres, mas elas representam somente 30% nos cargos de liderança, como diretoria executiva, coordenação de congressos, unidades de pesquisa e representantes em órgãos públicos.

No Congresso Brasileiro de Reumatologia de 2020, as mulheres corresponderam a 48% dos palestrantes, entretanto os cargos de coordenação, conferências nacionais e internacionais ainda são predominantes masculinos. Os temas livres discutidos no evento tiveram maior representação feminina.

“Isso mostra que as mulheres têm alta capacidade de produção científica, porém, podem não estar sendo reconhecidas”, diz a coordenadora do projeto, a reumatologista Mariana Peixoto, membro das Comissões de Artrite Reumatoide e Centros de Terapia Assistida (CCTA), da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), presidente da Sociedade Mineira de Reumatologia e preceptora do setor de reumatologia da Santa Casa, de Belo Horizonte.

A diferença de oportunidades enfrentadas por homens e mulheres nas áreas médica e científica é um dilema antigo.

A equidade de gênero foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o processo de ser justo com homens e mulheres, sendo um dos principais objetivos relacionados ao desenvolvimento sustentável. Apesar das evidências a favor da equidade de gênero, em muitos países, as mulheres ainda são sub-representadas em muitas áreas da medicina, principalmente em papéis de liderança.

Por essa razão, sociedades médicas de reumatologia e especialidades relacionadas, em diferentes partes do mundo, já vêm desenvolvendo projetos para identificar as disparidades presentes e criar estratégias para superar essas diferenças.

Veja abaixo algumas das cientistas que entram para a história da SBR.

Emilia Inoue Sato

Primeira mulher a ocupar a presidência da Sociedade Brasileira de Reumatologia, na gestão do biênio de 1998 a 2000. Foi também presidente da Comissão de Ensino da SBR, entre 1995 e 1996, e presidente da Comissão de Título de Especialista da SBR, entre 2008 e 2016, tendo implementado profunda modificação e atualização no formato do exame para avaliar os candidatos ao título de especialista em Reumatologia.

Doutora em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Professora Titular em Reumatologia da mesma instituição e diretora da Escola Paulista de Medicina (EPM), foi a primeira mulher a assumir o cargo de diretora da instituição. Enquanto diretora da EPM fez parte do Conselho Gestor do Hospital São Paulo, o Hospital Universitário.

Publicou cerca de 70 capítulos de livros, sobretudo na área de Reumatologia.

Em 2021, foi nomeada como Membro Titular da Academia de Medicina de São Paulo, passando a ocupar a cadeira de número 109.

Ieda Maria Magalhães Laurindo

Segunda mulher a ocupar a presidência da Sociedade Brasileira de Reumatologia, na gestão do biênio 2008-2010. Graduou-se em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), em 1980, com mestrado e doutorado pela mesma instituição.

Exerceu o cargo de médica-assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, professora colaboradora da escola e médica-assistente da Fundação Faculdade de Medicina até 2014  quando se aposentou. Desde 2016 trabalha como professora de Medicina na Universidade Nove de Julho.

É membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), da Sociedade Paulista de Reumatologia e da Academia Brasileira de Reumatologia. Também é membro das comissões de imagem e de artrite reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia e coordenadora do registro brasileiro de eventos adversos de medicamentos imunobiológicos (BiobadaBrasil).

Licia Maria Henrique da Mota

Professora do Programa de pós-graduação em Ciências Médicas na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), onde se formou e fez especialização por residência médica em clínica médica e reumatologia e doutorado.

Atualmente, além de orientadora do programa de pós-graduação em Ciências Médicas na UnB, atua como médica reumatologista do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e como coordenadora da Coorte Brasília de Artrite Reumatoide e da Coorte Vida Real, estudo multicêntrico em artrite reumatoide, que envolve 11 universidades públicas em todo o Brasil.

Como membro da Sociedade de Reumatologia de Brasília  foi presidente, diretora científica, membro da Assessoria de Estudos de Auto-Imunidade, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide, membro da Comissão de Eventos e membro titular da Pan American League of Associations for Rheumatology.

Foi vencedora dos prêmios Edgard Atra (edições 2012 e 2013) e da Sociedade Brasileira de Reumatologia (2012). Em linhas de pesquisa, tem atuado, principalmente, em estudos de doenças autoimunes, principalmente a artrite reumatoide, além de vacinação e, atualmente, covid-19. Tem 143 publicações científicas assinadas e reunidas pela Pubmed.

Lilian Tereza Lavras Costallat

Graduada em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas, com doutorado em Clínica Médica pela mesma instituição, é professora titular de Reumatologia. Tem experiência na área de medicina, com ênfase em Clínica Médica, atuando principalmente nos seguintes temas: lúpus eritematoso sistêmico e doenças difusas do tecido conjuntivo. Foi diretora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp de 2002 a 2006. Participa do GLADEL, grupo latino-americano de estudos sobre Lupus Eritematoso Sistêmico.

Claudia Marques

Professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desde 2012, tem sua história ligada à instituição desde 1997 quando começou a residência em Reumatologia no HC.

É membro da Sociedade Brasileira de Reumatologia, fazendo parte de duas comissões. Também coordenou o estudo multicêntrico Coorte ChikBrasil, em 2017, que se destacou nacional e internacionalmente, resultando na publicação de orientações para a tomada de decisões terapêuticas em pacientes com chikungunya.

Desde 2020, também coordena o estudo nacional multicêntrico ReumaCoV Brasil — que avalia os impactos da covid-19 em pacientes com doenças reumáticas. Também possui mestrado pela UFPE e doutorado pelo Instituto Aggeu Magalhães/Fiocruz. É gerente de Ensino e Pesquisa do Hospital das Clínicas da UFPE, unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Eloisa Bonfá

Primeira diretora clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da FMUSP em mais de 70 anos. Desde o início de 2020, a reumatologista Eloisa Silva Dutra de Oliveira Bonfá está no centro do combate à pandemia do HCFM-USP, o maior centro médico da América Latina e referência para a Covid-19, em São Paulo.

Doutora em medicina pela Universidade de São Paulo, com livre-docência pela mesma instituição, tornando-se professora titular e bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq (nível 1A). É autora de 377 artigos científicos, com coautoria em seis livros.

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