Ministro da Educação, Abraham Weintarub, é investigado por ter ofendido os ministros do STF durante reunião ministerial de 22 de abril
Em julgamento virtual, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) já formou maioria para rejeitar o habeas corpus, impetrado pelo ministro da Justiça, André Mendonça, que tentava retirar o ministro da Educação, Abraham Weintraub, do rol de investigados do inquérito das fake news, que investiga a divulgação de notícias falsas e ameaças a integrantes da corte.
Até a noite da segunda-feira, haviam votado para barrar o recurso os ministros Edson Fachin, relator do pedido, Cármen Lúcia, Rosa Weber, Gilmar Mendes, o decano Celso de Mello e o presidente do STF, Dias Toffoli.
Os ministros seguiram a linha do voto de Fachin, a favor de arquivar o pedido sem analisar o mérito, alegando questões processuais. Para ele, esse não era recurso adequado para questionar a decisão de Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news.
Esse julgamento do STF ocorre no momento em que crescem especulações sobre uma eventual saída de Weintraub do governo, após ele ter comparecido fim de semana de um protesto de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro em Brasília.
Em uma entrevista na segunda, Bolsonaro disse que Weintraub não foi muito prudente em participar do ato. Em vídeo nas redes sociais, o ministro voltou a falar em “vagabundos” ao comentar o inconformismo de quem disse pagar imposto e ver corruptos roubarem.
Weintraub havia usado a expressão “vagabundos na cadeia” em reunião ministerial de 22 de abril, quando defendeu a prisão de ministros do Supremo. Por esse comentário, Alexandre de Moraes determinou que o ministro fosse interrogado pela Polícia Federal, mas ele preferiu permanecer em silêncio durante o interrogatório.
“Quanto à participação do ministro no dia seguinte, um grupamento de pessoas que não foi aquele grupo de pessoas que soltou os fogos para cima do STF, eu acho que ele não foi muito prudente em ele participar desta manifestação, apesar de nada de grave ele ter falado ali. Mas não foi um bom recado ali”, disse Bolsonaro, em entrevista.
“Por quê? Ele não estava representando o governo, estava representando a si próprio. Então, como tudo que acontece cai no meu colo, mais um problema que estamos tentando solucionar com o senhor Abraham Weintraub”, completou.
Bolsonaro reuniu-se com Weintraub nesta segunda, mas não foi questionado sobre isso durante a entrevista.
O habeas corpus em favor de Weintraub tinha sido a primeira reação concreta do governo ao Supremo após a operação da Polícia Federal, também realizada por determinação de Moraes, que teve como alvo aliados e apoiadores do presidente, em mais um lance na escalada de tensão entre os dois Poderes.