O dia depois que da saída de Doria da disputa deve ser marcado por diversas reuniões, encontros, telefonemas e, talvez, mais indefinições
Parecia que a desistência do ex-governador de São Paulo, João Doria, de concorrer à Presidência da República pelo PSDB resolvesse as disputas internas do partido, mas o que se viu, desde o começo da tarde de segunda-feira, 23, foi o oposto. O dia depois que da saída de Doria da disputa – nesta terça-feira, 24 – deve ser marcado por diversas reuniões, encontros, telefonemas e, talvez, mais indefinições.
Com o movimento do ex-governador paulista, diversas forças tucanas saíram em defesa de outros caminhos. Um deles, defendido pelo presidente da legenda, Bruno Araújo, é o apoio à pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB), encabeçando a terceira via.
Outra ala, liderada pelo deputado federal Aécio Neves, defende a manutenção de um candidato próprio do partido, sendo cotado o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que ficou em segundo lugar nas conturbadas prévias, realizadas no fim do ano passado.
Corre por fora também a indicação do senador pelo Ceará Tasso Jereissati, que desistiu de concorrer à eleição interna do partido para apoiar o gaúcho. Seria um “plano C” do PSDB.
Estava marcada para esta terça-feira uma reunião da Comissão Executiva Nacional do PSDB que chancelaria o apoio à Tebet, mas o encontro foi cancelado. Oficialmente, o partido disse que a reunião contaria com a presença de Doria, e, por conta da desistência dele, ela tornou-se “inócua naturalmente”. A verdade é que não havia clima. A definição deve ficar somente para o início de junho.
MDB e Cidadania, que devem endossar o apoio à senadora pelo Mato Grosso do Sul, ainda mantêm (até o fechamento deste texto) a reunião para esta terça-feira. A ideia era de que os três partidos fizeram a deliberação de forma independente, porém, simultânea, mas o PSDB quer mais tempo para tomar uma decisão alinhada.
O fato é que essas disputas deixam ainda mais complicada a situação da terceira via, que perdeu espaço desde o começo do ano. Além da saída do União Brasil do grupo com MDB, PSDB e Cidadania, todos os nomes alternativos à polarização da disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) perderam intenções de voto.
Em uma simulação de primeiro turno estimulada, com os nomes apresentados previamente, todos os pré-candidatos à Presidência da República da terceira via somados pontuam 15%. Em janeiro deste ano, os nomes testados somavam 23% das intenções de voto, ou seja, uma perda de 8 pontos percentuais do começo do ano até agora. Os números são da pesquisa eleitoral EXAME/IDEIA divulgada na quinta-feira, 19.
Lula e Bolsonaro juntos têm 73% das intenções de voto, o que indica que o segundo turno deve ser entre os dois. Em uma pesquisa espontânea, sem os nomes apresentados previamente, a terceira via chega a 8%.