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quinta-feira, 28/03/24
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Testemunha que acusou trio de ajudar Elize Matsunaga volta atrás

Suspeitos de ajudar mulher a ocultar marido também negaram crimes. Viúva confessou esquartejamento em 2012, mas disse que agiu sozinha.

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Elize Matsunaga (Foto: Carlos Pessuto/Futura Press/AE)

A testemunha que havia acusado três pessoas de ajudar a bacharel em direito Elize Matsunaga a ocultar o corpo do marido dela em 2012, na Grande São Paulo, voltou atrás e negou o envolvimento do trio no crime.Os os suspeitos também negaram qualquer participação no caso da morte do empresário Marcos Kitano Matsunaga.

Antes de ter o cadáver ocultado, Marcos foi assassinado e esquartejado no apartamento do casal na cidade de São Paulo.

Elize confessou todos os crimes e disse que agiu sozinha, versão contestada pelo Ministério Público (MP). Foi a Promotoria que pediu para a Polícia Civil reabrir o inquérito por suspeitar que a viúva teve ajuda para espalhar as partes do corpo.

A testemunha, um instalador, e os três suspeitos (um homem e duas mulheres) prestaram depoimentos ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). As declarações foram dadas em junho do ano passado, mas somente nesta segunda-feira (22) a equipe de reportagem teve conhecimento sobre o seu conteúdo. O inquérito segue sob sigilo.

O promotor José Carlos Cosenzo afirmou na segunda que o fato de a testemunha ter voltado atrás no seu depoimento e a negativa de autoria dos três suspeitos não muda a convicção da acusação de que Elize teve ajuda.

“Um dos três suspeitos foi quem ajudou Elize a ocultar o corpo do marido dela”, disse Cosenzo. “E a polícia continua investigando isso.”

Na semana passada, o representante do Ministério Público havia dito que a polícia investigava um suspeito de ajudar Elize. Um caseiro estaria sendo procurado pelos policiais civis.

Procurada, a advogada Roselle Soglio, que defende Elize, não quis se manifestar. Elize está presa pelo assassinato do herdeiro do grupo Yoki e aguarda o julgamento. Segundo a Promotoria, o júri deverá ocorrer ainda neste ano.

Os advogados de Elize contestam a versão do MP para os crimes. Segundo eles, sua cliente confessou ter agido sozinha e em legítima defesa. Para a Promotoria, no entanto, a mulher matou o marido no apartamento do casal para ficar com o dinheiro da herança dele e aindateve ajuda.

O MP requisitou um vídeo gravado pela polícia com a confissão de Elize – a filmagem não foi anexada ao processo.

Inquérito
A pedido da Promotoria, o DHPP reabriu, no ano passado, o inquérito que apura o assassinato de Marcos. Inicialmente, o departamento havia concluído que Elize cometeu o crime sozinha.

De acordo com a investigação, foram policiais militares e guardas-civis que revelaram que uma testemunha lhes contou que Elize teve ajuda de três pessoas para ocultar o corpo de Marcos. A informação, segundo os agentes, foi dada por um homem preso no dia 9 de setembro de 2014 por suspeita de agredir a própria mulher.

Segundo informações do inquérito, os policiais e guardas disseram que o agressor detido falou que sua esposa, a cunhada e o primo delas participaram do assassinato de Marcos, ajudando na ocultação do cadáver dele.

Mas em seu depoimento no departamento, o rapaz voltou atrás e negou ter dito aos agentes que seus familiares ajudaram Elize. Alegou ainda ser viciado e contou que estava drogado quando foi pego pelos policiais e guardas. “Estava zumbi”, relatou a testemunha.

A mulher, a cunhada e o primo delas contaram no DHPP que eram inocentes. Ao negarem ter ajudado Elize, eles disseram que a testemunha os acusou para se vingar por ter sido preso por agressão.

Ainda na semana passada, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, negou o pedido da defesa de Elize, que solicitava a retirada de duas das três qualificadoras pelo homicídio de Marcos.

As qualificadoras são: motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e meio cruel. Os advogados queriam que fossem excluídas as duas últimas. A defesa deverá recorrer.

Crime
Elize e Marcos eram casados na época do assassinato, em 19 de maio de 2012. Ela tinha 30 anos e ele, 42. O crime teria ocorrido durante uma discussão do casal.

Ela contou que flagrou a traição de Marcos com uma prostituta após contratar um detetive particular. Elize também havia sido garota de programa quando conheceu o empresário.

O casal tem uma filha, atualmente com 5 anos, que está sob cuidados de familiares do pai.

Após atirar na cabeça do marido, Elize contou que esquartejou o corpo dele, o ensacou e jogou as partes em terrenos de Cotia, na Grande São Paulo.

A família de Marcos denunciou o desaparecimento dele no dia 21 daquele mês. Duas semanas depois, Elize foi presa e confessou ter matado o marido.

Ela está detida preventivamente na penitenciária de Tremembé, no interior de São Paulo, à espera da realização do júri.

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