Presidente americano ressaltou que encontro pode ser o início de um bom relacionamento com o país asiático, mas disse que ainda pode adotar sanções
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou nesta quinta-feira (7) sua confiança no sucesso de sua cúpula com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, um encontro que será, segundo assegurou, “muito mais” do que uma sessão de fotos, mesmo que não permita resolver de uma só vez este espinhoso dossiê.
“Tudo está pronto para a cúpula. Tudo está indo bem, espero que continue assim”, disse ele no Salão Oval da Casa Branca, ao receber o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, cinco dias antes da reunião histórica em Singapura.
Questionado sobre como está se preparando para este encontro histórico, o 45º presidente dos Estados Unidos destacou sua determinação. “Eu não acho que eu precise me preparar muito. É principalmente uma questão de estado de espírito, de querer fazer as coisas acontecerem”.
“Talvez a gente comece por estabelecer um bom relacionamento e isso é algo muito importante para alcançar o objetivo final de um acordo”, acrescentou o bilionário, recordando a exigência dos Estados Unidos: que Pyongyang livre-se de suas armas nucleares. “Se não se desnuclearizar, não será aceitável”, insistiu.
Enfatizando quão “poderoso” era o instrumento das sanções, ele explicou ter escolhido não acrescentar outras exigências “neste momento” para dar uma chance ao diálogo, mas sem excluir tal cenário para o futuro.
Abe, que tenta se fazer ouvir nas intensas negociações diplomáticas em curso na península coreana, expressou por sua vez a esperança de que a cúpula contribua para “mais paz e estabilidade” nesta região do mundo.
Desde o anúncio de um possível encontro Trump-Kim, o Japão tem repetidamente enfatizado a necessidade imperativa de não baixar a guarda em relação ao regime de Pyongyang, que representa uma ameaça concreta ao arquipélago com seus mísseis.
Ao deixar Tóquio, Abe definiu claramente as condições para a cúpula de Singapura em 12 de junho “ser um sucesso”: progressos tangíveis na questão nuclear e de mísseis, mas também sobre os cidadãos japoneses sequestrados pela Coreia do Norte nos anos 70 e 80.
Japão “isolado” ?
Em sua última reunião na Flórida, há menos de dois meses, Trump prometeu ao líder japonês discutir com Pyongyang essa questão politicamente sensível no arquipélago.
Mas o assunto não é – longe disso – uma prioridade para o magnata do setor imobiliário, cuja estratégia permanece cercada por certa imprecisão, mas não esconde seu entusiasmo pela ideia de ser o primeiro presidente americano no poder a dialogar diretamente com um herdeiro da dinastia Kim.
A proliferação de reuniões sobre a espinhosa questão norte-coreana tem um gosto amargo para Shinzo Abe, até então excluído: Donald Trump prepara sua cúpula e o presidente chinês Xi Jinping e seu colega sul-coreano Moon Jae-in encontraram Kim Jong Un duas vezes.
Para Richard Armitage, ex-diplomata do governo George W. Bush, há um risco real de que o Japão “se encontre isolado” após a cúpula de Singapura.
“Devemos absolutamente evitar dissociar a segurança do Japão da dos Estados Unidos”, alertou. “Este tem sido, há muito tempo, o objetivo da China e da Coreia do Norte e não podemos nos dar ao luxo de cair nessa terrível armadilha”.
Trump e Abe exibem há tempos uma forma de cumplicidade, que, no entanto, exibiu seus limites durante o último encontro.
Nesta ocasião, eles deveriam abordar a agora altamente sensível questão das tarifas impostas por Washington em nome da defesa dos trabalhadores americanos.
“Insistirei que qualquer medida destinada a restringir o comércio mundial não atende aos interesses de nenhum país”, advertiu o primeiro-ministro japonês.
O Japão, que acreditava que poderia convencer seu aliado americano a isentá-lo das novas tarifas sobre aço e alumínio, não escondeu sua decepção após as negociações fracassadas.