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UTI de Santa Maria alega dívidas para recusar vaga a pacientes

Empresa que administra o serviço cobra pagamento de R$ 20 milhões

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A falta de leitos nas unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da rede pública é um problema   que atinge os cidadãos no momento mais frágil de suas vidas. E além da longa fila de espera, surgiu um outro obstáculo: por falta de pagamento,  a empresa que administra os serviços de UTI do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) deixou de admitir pacientes provenientes de outras unidades.

A IntensiCare alega dificuldade para quitar a folha de pessoal, provocada por inadimplência da Secretaria de Saúde (SES-DF), que chega a R$ 21 milhões. A empresa notificou a pasta por meio de ofício, na manhã de ontem, afirmando já ter feito o aviso reiteradas vezes.

A prestadora de serviços informou que parte do valor se refere  a dívidas de 2014 e que reconhece a situação financeira da Secretaria de Saúde. Porém, alega que não aceitar pacientes externos foi a única maneira de ofertar  condições de trabalho aos cerca de 120 funcionários que atuam no HRSM.

 A empresa está em negociação com a secretaria, mas ainda não tem previsão de quando a UTI  receberá pacientes de outras unidades.

Contando com a sorte

Para o presidente do Sindicato dos Médicos  (SindMédico-DF), Gutemberg Fialho, a desativação de   leitos  pode resultar em mais mortes. “Não receber pacientes de outras unidades significa deixá-los   dependendo da sorte. Isso significa que o número de óbitos vão aumentar. O que revolta é que são óbitos que poderiam ser evitados, mas a Secretaria de Saúde não faz nada para mudar”, destacou.

Alerta

De acordo com Fialho, o sindicato já enviou vários ofícios sobre a situação da saúde no DF para o Ministério Público, GDF e Conselho Regional de Medicina, mas nada foi feito. “A quantidade   de leitos   não é suficiente.  As emergências,  sobrecarregadas,   se tornam área de internação de pacientes graves. Eu diria que está ocorrendo uma epidemia de óbitos evitáveis por causa da desassistência”, afirmou.

Versão Oficial 

Em nota, a  Secretaria de Saúde informou que, ainda nesta semana, serão repassados à Intensicare Gestão em Saúde LTDA R$ 3 milhões referentes ao mês de outubro de 2015. A pasta reconhece a dívida com a empresa e diz   se esforçar para quitar os débitos e, assim, manter o atendimento à população. A pasta esclarece ainda que os funcionários não deixaram de prestar atendimento aos pacientes internados, mas estão limitando a entrada de pacientes externos ao HRSM. A unidade conta com 105 leitos de UTI, sendo 61 adultos, 23 neo natal e 21 pediátricos.

 Déficit pelo DF

O SindMédico-DF denuncia que 20  dos 61 leitos de UTI adulto do Hospital Regional de Santa Maria estão desativados. No Hospital de Base, de 28 leitos de UTI neurocirúrgicos de urgência, oito estão fechados. No Hospital Regional de Samambaia (HRsam), de 20 leitos, seis estão bloqueados por insuficiência de pessoal.

De acordo com a tabela disponibilizada no site da Secretaria de Saúde, os números coincidem com os da denúncia.

Cardíacos ficam sem remédios

Outras crises são administradas pela Secretaria de Saúde, como a falta de remédios. O medicamento Dobutamina, utilizado em pacientes críticos com quadro de insuficiência cardíaca, está em falta na rede pública. Segundo a pasta, o  processo de compra está em fase   final e o problema deve acabar no início de janeiro.  A demora na reposição teria ocorrido por falta de matéria-prima para a produção.

Outro medicamento com estoque em baixa, também utilizado por quem tem problema cardíaco, é o Milrinona. O governo alega que ainda não pode ofertá-lo “por falta de interesse do fornecedor, que não apresenta proposta, apesar das sucessivas tentativas de compra pela Secretaria de Saúde”.

Enquanto o abastecimento não se regulariza, a pasta recomenda que as unidades de  saúde  façam remanejamento de estoques  para atender aos pacientes.

O governo assegura que ambos os medicamentos podem ser substituídos pela Dopamina, recomendada para uso controlado, como no caso de UTIs e salas vermelhas.

JBr

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