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segunda-feira, 23/12/24
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Você toma suplemento de cálcio? Isso pode fazer mal ao coração

Um novo estudo sugere que ingestão do mineral na forma de suplementos eleva o risco de aterosclerose e danos ao órgão

Um novo estudo mostrou que os usuários de suplementos de cálcio tinham uma chance 22% maior de terem suas taxas de cálcio nas artérias coronárias aumentadas ao longo de uma década do que aqueles que ingeriam grandes quantidades do mineral exclusivamente por meio da alimentação. (iStockphoto/Getty Images)
Um novo estudo mostrou que os usuários de suplementos de cálcio tinham uma chance 22% maior de terem suas taxas de cálcio nas artérias coronárias aumentadas ao longo de uma década do que aqueles que ingeriam grandes quantidades do mineral exclusivamente por meio da alimentação. (iStockphoto/Getty Images)

Suplementos de cálcio podem danificar o coração. De acordo com um estudo Journal of the American Heart Association, a ingestão exagerada de suplementos do mineral eleva o risco de acúmulo de placas nas artérias (aterosclerose) e danos ao órgão. Por outro lado, manter uma alimentação rica em cálcio pode beneficiar a saúde cardíaca.

“Quando o assunto é o uso de suplementos de vitaminas e minerais, particularmente de cálcio para a saúde dos ossos, muitos americanos acham que quanto mais é sempre melhor. Mas nosso estudo oferece evidências de que o excesso de cálcio na forma de suplementos pode prejudicar o coração e o sistema vascular.”, afirmou Erin Michos, uma das autoras do estudo e vice-diretora de cardiologia preventiva e professora da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

No estudo, os pesquisadores procuraram investigar se há diferença entre o cálcio ingerido na alimentação e por suplementos. Para isso, eles acompanharam 2.700 pessoas, com idade entre 45 e 84 anos participantes do Estudo Multiétnico da Aterosclerose (Mesa, na sigla em inglês), financiado pelo governo americano.

Em 2000, no início do estudo, os participantes responderam um questionário sobre seus hábitos alimentares, o que permitiu aos pesquisadores avaliarem a quantidade de cálcio ingerida pelos participantes a partir do consumo de produtos como laticínios, verduras e outros alimentos ricos ou enriquecidos com o mineral, como cereais matinais e suplementos ingeridos.

Por fim, eles foram submetidos a exames de tomografia computadorizada para medir sua taxa de cálcio nas artérias coronárias, um marcador de risco de desenvolvimento de doenças no coração. Dez anos depois esse processo foi repetido em todos os participantes para avaliar se as placas haviam aumentado, diminuído ou aparecido nos que estavam livres delas.

Inicialmente, os cientistas dividiram os voluntários em cinco grupos baseados no total de cálcio ingerido na dieta ou por suplementos. Depois de ajustarem os dados de acordo com a idade, sexo, etnia, prática de exercícios, tabagismo, educação, peso, uso de álcool, pressão sanguínea, glicemia e histórico médico familiar dos participantes, os cientistas separaram os 20% deles com maior consumo total de cálcio – acima de 1,4 grama por dia – e os 20% com menor ingestão do mineral – abaixo de 400 miligramas diários.

Alimentação x suplementação

Os resultados mostraram que o subgrupo com maior ingestão tinha  tinha 27% menos chances de desenvolver problemas no coração devido ao acúmulo de cálcio nas artérias coronárias do que os 20% com menor ingestão do mineral.

Em seguida, os pesquisadores decidiram focar nas diferenças entre aqueles cujo cálcio vinha apenas da dieta e os que obtinham o mineral com o apoio de suplementos. Levando em conta os mesmos fatores externos da análise anterior, os cientistas concluíram que os usuários de suplementos tinham uma chance 22% maior de terem suas taxas de cálcio nas artérias coronárias aumentadas ao longo de uma década.

Já entre os participantes com grande ingestão de cálcio – mais de 1.022 miligramas por dia – exclusivamente por meio da dieta não houve aumento na taxa de cálcio nas artérias coronárias, e consequentemente no risco de problemas cardíacos associados a esse marcador.

“Há claramente algo diferente em como o corpo usa e responde aos suplementos frente à ingestão pela dieta que os torna [os suplementos] mais perigosos. Pode ser porque os suplementos contêm sais de cálcio ou pode ser que isso aconteça por se tomar uma grande dose de uma vez que o corpo não seja capaz de processar.”, comenta John Anderson, coautor do estudo e professor emérito de nutrição da Universidade da Carolina do Norte.

Diante desses resultados, os autores ressaltam que se houver a carência de cálcio e os pacientes cogitarem tomar suplementos de cálcio, isso deve ser muito bem isso com um médico, tanto devido à dosagem quanto à real necessidade da suplementação.

Consumo de suplementos

Os resultados são bastante preocupantes, principalmente diante de um cenário no qual 54% dos brasileiros tomam algum tipo de suplemento alimentar. E embora as vitaminas liderem a lista, com 48% do consumo, os minerais, como o cálcio, ficam em segundo lugar no consumo, com 22%, de acordo com um levantamento realizado pela  Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Para Fins Especiais e Congêneres (Abiad).

Nos Estados Unidos, o consumo de suplementos sobe para 68% da população, segundo o último levantamento do Conselho para a Nutrição Responsável (CRN, na sigla em inglês), dos Estados Unidos. O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) estima que 43% da população adulta toma suplementos com cálcio, a maioria, sem orientação médica.

Entretanto, além dos problemas cardíacos, o consumo excessivo de cálcio pode levar ao desenvolvimento de cálculo renal. Algumas fontes naturais do mineral são: leite e derivados, verduras verde-escuras, sementes, algas, leguminosas, marisco, tofu, ovos e nozes

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