As autoridades norte-americanas se recusaram a reconhecer as óbvias falhas econômicas e seguem insistindo no seu “crescimento negativo”, enquanto muitos países já se sentem enganados, afirmou o colunista do The Washington Post, Charles Lane.
“Os dados do Departamento do Comércio, publicados na quinta-feira (28), podem muito bem confirmar que o PIB está diminuindo já pelo segundo trimestre consecutivo. Acerca disso, a Casa Branca emitiu um comunicado em que sublinhou que não é estabelecida oficialmente a regra prática de acordo com a qual o declínio econômico ao longo de dois trimestres significa recessão”, disse Lane.
Segundo o colunista, tal cenário lembra os tempos em que a administração Carter (1977-1981) evitou os termos “recessão” e “depressão”.
“Em 1978, Alfred Kahn, economista da Universidade Cornell, responsável pelo combate à inflação durante o governo de Jimmy Carter, afirmou que a incapacidade de controlar os preços, que estavam crescendo rapidamente, poderia levar a uma ‘depressão profundíssima’. Os assessores de Carter, preocupados com os possíveis efeitos políticos, deram-lhe a ordem de nunca mais repetir esta palavra. […] Durante uma próxima reunião com jornalistas, Carter disse, de maneira desprezível, que a nação estava ‘em perigo de ter a pior banana de 45 anos'”, especificou o autor da publicação.
“Tal como Kahn previu, a fim de conter a inflação, era preciso atravessar – como se diz? – o declínio súbito, provocado pelo aumento das taxas de juro pelo Sistema de Reserva Federal e marcado pelo desemprego, que atingiu o seu pico em 1982, constituindo 10,8%. Tais medidas para aumentar as taxas do Sistema de Reserva Federal, iniciadas em março, fizeram com que muitos se preocupassem com o risco da ‘banana'”, afirmou Lane.
“As leis difíceis, elaboradas a fim de ajudar os estados a obter mais leite em pó através dos subsídios federais, levaram a consequências não intencionais: surgiram monopólios a nível de estado para certas empresas e barreiras quase intransitáveis para novas produtoras potencialmente inovadoras. Seria justo dizer que Fred Kahn teria enlouquecido com tais políticas”, concluiu Charles Lane.
“Na Casa Branca negam a recessão nos Estados Unidos. Continuam firmes, ao discutir com os seus próprios jornalistas, balançam a cabeça, recusando-se a responder a perguntas esclarecedoras sobre o que é a recessão, neste caso”, escreveu Zakharova no seu canal no Telegram.
“Antes, tais palavras como ‘declínio’ e ‘abrandamento’ ajudaram os equilibristas políticos norte-americanos, mas agora estão em uma situação tão catastrófica que inventaram [os termos] ‘imposto de Putin’, ‘preços de Putin’ etc.”, defendeu Zakharova, chamando a suposta influência das políticas russas na política interna norte-americana de “intervenção recessiva do Kremlin”.